Em conversa com uma especialista em ciências políticas fiquei com uma outra perspectiva sobre o problema do veto presidencial à “lei da paridade”. Deu-me ela uma lista de argumentos, que incluía exemplos do que se fez no Norte da Europa. Contou-me como o factor "quotas" introduziu normalidade no acesso das mulheres aos cargos políticos, por efeito de alteração de formas de sociabilidade nas reuniões políticas (nos horários das mesmas, na sua duração, na forma de comunicação pública, etc.).
Confesso que resisto à ideia de quotas onde quer que seja, porque fundamentalmente acredito na formação da vontade e da opinião que depois fará pressão para se manifestar onde cada indivíduo entender, mas…
Dizia-me essa colega para eu pensar nos modelos sociais estabelecidos no nosso país, e reflectir de quantos anos mais as mulheres vão ter que necessitar para ultrapassarem obstáculos criados, não para lhes impedir o acesso, já que não foram organizados para o efeito, mas para lhes dificultar a vida ao máximo por essa entrada na política. Sobretudo durante o tempo em que elas têm filhos pequenos.
Eu sei, por experiência própria na academia portuguesa, que a relação de uma mulher com as figuras masculinas do poder instituído é necessariamente diferente daquela que os rapazes desenvolvem. Uma rapariga, se para isso tiver feitio e disponibilidade, se acompanhar o seu orientador tanto quanto o seu colega rapaz, se estiver presente a seu lado em situações formais ou informais tanto quanto o seu colega rapaz, se mostrar tanto apreço pela companhia do seu director tanto quanto o seu colega rapaz, não verá, nessas circunstâncias, apenas ser-lhe atribuído o nome de “O delfim”, tal como ao seu colega rapaz.
Acredito que em política esta questão se agudize ainda mais, e que uma mulher ao manifestar um comportamento que a faça recuar na sua exposição junto do grupo, este facilmente a possa julgar como estando menos motivada, interessada ou capaz de assumir funções que exijam uma presença certa. Daí até ser depois “empurrada” para a margem da participação política é um instante, podem começar por não lhe participar as horas de reunião, não lhe darem toda a informação, exclui-la das decisões que envolvam actividades de grupo, já que lhe é mais difícil criar os laços de solidariedade que levam os pares entre si a conhecerem-se, a confiarem e a apoiarem-se na disputa pelos lugares públicos. Laços criados em reuniões infindáveis, em almoços bem-humorados, em conversas que muitas vezes roçam a linguagem de caserna em rituais masculinos de confraternização.
Eu continuo a pensar que não é a lei das quotas que resolverá o problema da paridade, mas também acho que o chumbo à lei também não o resolve, por si. Por isso considero que a prestação do presidente da República devia ter sido muito bem explicada à nação, reconhecendo-se, sem margens para dúvidas, o seu interesse em resolver a situação, real, de desigualdade de oportunidades.
Eu sei, por experiência própria na academia portuguesa, que a relação de uma mulher com as figuras masculinas do poder instituído é necessariamente diferente daquela que os rapazes desenvolvem. Uma rapariga, se para isso tiver feitio e disponibilidade, se acompanhar o seu orientador tanto quanto o seu colega rapaz, se estiver presente a seu lado em situações formais ou informais tanto quanto o seu colega rapaz, se mostrar tanto apreço pela companhia do seu director tanto quanto o seu colega rapaz, não verá, nessas circunstâncias, apenas ser-lhe atribuído o nome de “O delfim”, tal como ao seu colega rapaz.
Acredito que em política esta questão se agudize ainda mais, e que uma mulher ao manifestar um comportamento que a faça recuar na sua exposição junto do grupo, este facilmente a possa julgar como estando menos motivada, interessada ou capaz de assumir funções que exijam uma presença certa. Daí até ser depois “empurrada” para a margem da participação política é um instante, podem começar por não lhe participar as horas de reunião, não lhe darem toda a informação, exclui-la das decisões que envolvam actividades de grupo, já que lhe é mais difícil criar os laços de solidariedade que levam os pares entre si a conhecerem-se, a confiarem e a apoiarem-se na disputa pelos lugares públicos. Laços criados em reuniões infindáveis, em almoços bem-humorados, em conversas que muitas vezes roçam a linguagem de caserna em rituais masculinos de confraternização.
Eu continuo a pensar que não é a lei das quotas que resolverá o problema da paridade, mas também acho que o chumbo à lei também não o resolve, por si. Por isso considero que a prestação do presidente da República devia ter sido muito bem explicada à nação, reconhecendo-se, sem margens para dúvidas, o seu interesse em resolver a situação, real, de desigualdade de oportunidades.
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