terça-feira, junho 06, 2006

Timor


No programa "Sociedade das Nações" esteve hoje a embaixadora de Timor, Pascoela Barreto, e o embaixador da Indonésia, Lopes da Cruz. Em meia-hora conseguiram os entrevistadores que os seus convidados dessem uma visão clara acerca da sua percepção do que se passava em Timor.
A embaixadora prestou um serviço ao esclarecer o que a maioria dos nossos comentadores tinham obstinadamente obscurecido sobre a realidade timorense: 1. O que começou por ser uma questão de defesa de interesses profissionais do exército, acabou por ser tomado como pretexto por outros grupos que se opõem às políticas do primeiro-ministro; 2. Que o caso de o Estado não conseguir chamar a si o dever de assegurar a defesa da população se deve ao facto de as forças militares e policiais não estarem ainda suficientemente estabelecidas, tendo em conta que ainda há sete anos a maioria dos seus operacionais eram guerrilheiros. Houve uma adaptação acelerada à vida militar regular, com regras, procedimentos e comportamentos muito distintos dos que tinham já sido socialiazados, o que faz com que leve o seu tempo a serem incorporados na instituição e pela instituição. Incorporação que terá sido mal acompanhada e compreendida pelo poder político, e pelas organizações internacionais. Pediram pois a intervenção militar de alguns países da região, e a Portugal, que prontamente acederam, estando estas forças sob o comando dos altos representantes do Estado de Timor. E pronto.
Há interesses externos a Timor que estão a actuar? Com certeza. Não duvido que cada país envolvido com a questão de Timor está a procurar assegurar os seus interesses, no presente, com a estabilidade da região, ou no futuro, com quaisquer outras contrapartidas. Mas tal já acontecia antes de se colocar este cenário de crise governamental. E não nos obriga a construir um filme de caos social, de falência estatal, de conspiração internacional.

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