Ainda hesitei em pôr uma imagem. Só a imagem de Shiva. Depois pensei, uma morte é igual aqui, na Índia ou no Paquistão, em Inglaterra ou no Iraque, no Afeganistão ou nos Estados Unidos, porquê então associar uma estrutura mitológica que, ainda que simbolicamente profunda, iria retirar os acontecimentos que se pretende distinguir, os atentados bombistas na índia, do seu epicentro político, colocando-os num plano de explicação metafísico?
É um engodo que nos distrai, este o de utilizar o conhecimento cultural e antropológico para explicar os fenómenos políticos que são de natureza idêntica ainda que em culturas diferentes.
Um assassínio é um assassínio.
Um assassínio é um assassínio.
1 comentário:
«É um engodo que nos distrai, este o de utilizar o conhecimento cultural e antropológico para explicar os fenómenos políticos que são de natureza idêntica ainda que em culturas diferentes.»
Muitíssimo bem observado. Mas de consequências imprevisíveis: porque o que está em causa é a recriação, a reconversão, do «conhecimento» como explicação. E quem se atreveria, no Ocidente, a isso? Dar ao conhecimento bondade e hospitalidade, não a distância higiénica, fria e estéril da explicação...
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