"Se encararmos o problema central da administração pública como o de criar um sistema institucional formal que alinhe os interesses dos subordinados com os dos chefes, então os casos mais difíceis ficarão todos no quadrante IV (volume de transacção elevado e especificidade baixa. ex. sistema judicial, ensino básico, medicina profilática, aconselhamento profissional). O ensino público básico e secundário são claros exemplos disso. Os resultados educacionais são difíceis de medir, e é praticamente impossível responsabilizar individualmente os professores. O ensino público é uma actividade de elevado volume de transacção que pode ser muito visível em grandes cidades mas que fica escondida nas áreas rurais. Mesmo num país rico e com grande quantidade de informação acumulada como os Estados Unidos, tem sido muito difícil desenvolver mecanismos de responsabilização. Boa parte da tendência para a adopção de testes estandardizados em muitos Estados visa responder a esta necessidade, mas conta com a resistência feroz de professores, administradores escolares e comunidades locais que não querem ter de lidar com as consequências de um fraco desempenho." Francis Fukuyama, A Construção de Estados, trad. F.J. Azevedo Gonçalves, Lisboa, Gradiva, 2006, p. 70
Mas em Portugal já há testes estandirzados há anos, já há listas classificativas de escolas, já há muito que obrigaram os professores a doptarem todos o mesmo manual, a cumprirem rígidos planos de aulas iguais entre si, a ser classificados internamente para progressão de carreira. O que mais querem estandardizar? Será que os políticos ainda não perceberam que o sucesso escolar em Portugal tem a ver com as suas políticas de facilidade e de desresponsabilização em relação ao trabalho, assim bem como de incentivo à desautorização do professor, e não com o desempenho de uma vasta maioria de professores?
Alguém sabe neste país como se procede à avaliação dos alunos no ensino nocturno por comparação com o que era há dez anos? Tudo por via do sucesso.
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