terça-feira, outubro 17, 2006

Fazer ou não fazer greve, eis a questão.


Incomoda-me tomar atitudes políticas quando sinto que há atitudes pessoais a resolver relativamente a essas políticas. Igualmente me desagrada tomar atitudes que se prendem com a minha vida profissional quando sinto que estou a deixar interferir emoções que se prendem com a minha vida pessoal. Há quem diga que estas distinções são puras abstracções. Não são. É difícil equilibrá-las mas elas existem e podem ser actualizadas na nossa prática. É o que impede que confundamos os nossos deveres com as nossas dores ou prazeres pessoais. Sei de pessoas que fazem análise da sua vida pessoal com os seus alunos, clientes, utentes ou colegas de trabalho nas horas de trabalho. Também sei de pessoas que de si nada dizem, nem dos livros que preferem nem das escolhas sobre assuntos públicos que propõem, de um acontecimento vivido que ajude ilustrar as suas explicações científicas ou de uma manifestação de gosto. É uma questão de balanço.

Fazer greve ou apoiar uma greve é uma questão profissional. Racionalidade das causas ou racionalidade dos interesses ? Será porque convictos da injustiça da causa para todos e contra o poder, ou do ataque aos nossos interesses particulares?
Ou porque não? Ou porque não pode deixar de ser, para que alguém escute a voz?

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