quinta-feira, novembro 30, 2006

A paixão pela compaixão (revolução 4)

Então a paixão pela compaixão é histórica? Aprende-se?
Pensava-se antes: É natural a miséria. É assim, sempre haverá ricos e pobres.
Começou a pensar-se depois: A miséria não é natural e tem que ser suprimida.
Mas a repugnância inata, como foi inoculada?

« A história diz-nos que de modo nenhum é coisa natural que o espectáculo da miséria mova os homens à piedade; mesmo durante os longos séculos em que uma religião cristã compassiva determinava os padrões de moral da civilização do Ocidente, a compaixão operava fora do domínio político e frequentemente fora da hierarquia estabelecida da Igreja. Contudo, trata-se aqui de homens do século XVIII, quando esta indiferença antiquada estava prestes a desaparecer e quando, segundo as palavras de Rosseau, “uma repugnância inata pelo sofrimento do próximo” se tornou comum em certos estratos da sociedade europeia e precisamente entre os que fizeram a Revolução Francesa. Desde então, a paixão pela compaixão habitou e guiou os melhores homens de todas as revoluções, e a única revolução em que a compaixão não desempenhou qualquer papel na motivação dos actores foi a Revolução Americana.” , Hannah Arendt, p. 86.

E porque não esta compaixão na América? Porque lá todos os tios são ricos, ou não tão miseráveis?

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