sábado, dezembro 02, 2006

O livro de Arendt ficou em Lisboa. Podia continuar a discutir o tema da revolução a partir de um ideia defendida pelo prof. Jaime Nogueira Pinto no seu blogue e com a qual não sei se concordo - qualquer coisa que tem a ver com um modelo de acção da esquerda que a faz justificar o terror provocado pelas suas acções como se pela defesa de princípios humanitários. Mas com a lentidão no acesso à internet deste computador, quando descobrisse o referido post no referido blogue (cujo nome não recordo agora) já teriam passado horas.

Trouxe para ler a biografia de D. Manuel II de Maria Cândida Proença editado pelo Círculo de Leitores. O interesse pela pessoa é, sobretudo, o interesse das circunstâncias que contextualizaram a existência do nosso último rei.
Tenho pela monarquia uma rejeição instintiva, só depois essa rejeição é conceptualizada. Nessa rejeição não se entretece nenhum laivo de consideração pelos regicídios. Nem por aquele que a minha república começou por praticar. Não é só uma rejeição pequeno-burguesa pela violência. Ou de perturbação doméstica que uma mãe de família poderá sentir em face da desordem social que desses fenómenos sempre resulta. É por defender que há no assassínio de uma pessoa, de um representante político que seja, mesmo se de um tirano, o que até nem era o caso, de todo, o sinal de uma falta inicial que nenhuma teoria ou acção do acto heróico da libertação poderá justificar. É um acto inscrito num princípio de acção que denota ambições que desconsideram o indivíduo. Prenúncio de uma vontade desmesurada de impôr pela força outro regime, de se impor. Até à tirania da sua boa vontade. E não, não me parece que essa falta seja equivalente à que decorre das mortes num campo de batalha.

Em 1640 não precisámos de matar Filipe III.

No meu imaginário há os reis com estrutura existencial, D. Afonso Henriques e D. Dinis, por motivos de imaginário, e todos os outros têm o estatuo de personagens de ficção.

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