“Já disse uma vez: político que se deixa domesticar, que na sua consciência não vê ofensa grave à expectativa que se pôs nele, deve ser remetido para o escalão dos animais domésticos.” João Cravinho em entrevista hoje no jornal “Público”.
Mas o político deve em sua consciência corresponder à expectativa de quem? À do líder parlamentar do partido do governo que precisa de manter um grupo coeso para fazer aprovar as leis sem criar instabilidade institucional, à de um líder partidário dos partidos de oposição que precisa de mentes inquietas que apresentem propostas e discursos que potenciem a presença de um contraditório na argumentação, a de um povo que quando vota nem sequer sabe quem é o seu representante no parlamento e muito menos o que dele deve esperar, ou à ideia de função de um político como uma pessoa que em consciência só responde perante o povo que o elegeu com a sua autónoma actuação e livre pensamento?
Um político a pensar pela sua cabeça é como um povo a participar civicamente, só é aceitável nos manuais, e nos discursos de jubilação pátria para almas idealistas ouvirem. Não corresponde a nada.
A nada, nada, não, corresponde a uma ideia. E aí é que Cravinho sabe onde começa a política. Ou onde devia começar. Ou não devia, porque senão o povoléu ainda pensava que chegava a parlamentar independente com a mania de pensar pela sua própria cabeça ou a discutir os intangíveis princípios de aplicação da justiça. Estrangeirices. Revolução.
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