“Batalha de percepções”, é como classificava um militar americano a realidade do que se está a passar num mundo de terrorismo islâmico versus poderio militar ocidental - que é demasiadas vezes usado sem respeitar integralmente o cumprimento das regras de combate expressos na Convenção de Genebra (cf. os § 4, 7, 12, 13 e 15), ouvi eu hoje no programa 60 minutos na Sic Notícias.
Batalha de percepções que o exército de coligação no Iraque, sem jamais ter perdido uma batalha em campo, como o militar fez questão de sublinhar, e é um facto, está a perder na guerra da comunicação.
Batalha de percepções como sempre se tratou de batalhas de percepções em tudo o que aconteceu na história da humanidade, só que as pessoas tendem a esquecê-lo quando são as suas percepções a dominar (a isso gostam de chamar realidade ou descrição de factos, ou o que quer que seja para se convencerem de que estão do lado da verdade), mas quando são a dos outros a ganhar adesão desculpam-se com os meios (os jornalistas em função livremente difundida no papel de “watch dog” na guerra de Vietname, a Internet na guerra com o Iraque). Não que o meio não seja relevante, e que a Internet não providencie um espaço de divulgação poderosíssimo ao alcance de qualquer um e ao serviço de todas as intenções, como espaço livre, mas se a contraproposta ao terrorismo islâmico, insidioso e malévolo na utilização dos meios para atingir fins inaceitáveis em democracia, fosse uma contraproposta inteligente e bem conduzida, através dos serviços de informação e com o apoio das Nações Unidas, os americanos não estariam a perder esta guerra da percepção, porque na realidade teriam a razão do seu lado: a razão da liberdade e da democracia, que deixariam de ser palavras para passarem a ser um modelo, e não a razão do voluntarismo maniqueísta do pensamento dito de conservadores americanos em acção ideológica sectária sobre o mundo.
Fiquei até à 1 da manhã a ouvir o debate sobre as televisões e a Entidade Reguladora para a Comunicação Social. A sucessão de leis da comunicação social no nosso país entontece qualquer um, mas fiz um esforço para seguir o programa, iludida de que se iria falar sobre o papel dos media como meios de promoção da democracia. Está bem…para além de auto promoções das ilustres pessoas presentes em gravitação à volta de si próprias, da defesa da iniciativa privada conduzida por Pinto Balsemão, mesmo assim a ser o único a fazer as perguntas pertinentes da noite e a exigir esclarecimentos para além do que a jornalista Fátima Campos estava a conseguir, e da intervenção de um auto proclamado representante dos telespectadores portugueses, surrealista na sua assumpção em nome de “nós os espectadores” (“nós?!” Como? Em nome de quem?), e da sua piadinha de que a televisão tem mais poder que os Ministros da Educação excepto com a Ministra Maria de Lurdes Rodrigues (ai sim que ela é uma pessoa muito influente na educação deste país…) o que ouvi deixou tudo por esclarecer sobre o tema.
Almerindo Marques, convencido que descobriu a identidade da RTP, um problema dos gestores que confundem o combate ao défice com objectivos de programação, e o bom desempenho financeiro com um bom desempenho em prestação do serviço público (na RTP como na vida pública do país), não foi um interveniente claro quanto a considerar relevante, ou não, as opções políticas sobre o canal público através da ERC, agora a poder ver os seus poderes reforçados.
Fiquei até à 1 da manhã a ouvir o debate sobre as televisões e a Entidade Reguladora para a Comunicação Social. A sucessão de leis da comunicação social no nosso país entontece qualquer um, mas fiz um esforço para seguir o programa, iludida de que se iria falar sobre o papel dos media como meios de promoção da democracia. Está bem…para além de auto promoções das ilustres pessoas presentes em gravitação à volta de si próprias, da defesa da iniciativa privada conduzida por Pinto Balsemão, mesmo assim a ser o único a fazer as perguntas pertinentes da noite e a exigir esclarecimentos para além do que a jornalista Fátima Campos estava a conseguir, e da intervenção de um auto proclamado representante dos telespectadores portugueses, surrealista na sua assumpção em nome de “nós os espectadores” (“nós?!” Como? Em nome de quem?), e da sua piadinha de que a televisão tem mais poder que os Ministros da Educação excepto com a Ministra Maria de Lurdes Rodrigues (ai sim que ela é uma pessoa muito influente na educação deste país…) o que ouvi deixou tudo por esclarecer sobre o tema.
Almerindo Marques, convencido que descobriu a identidade da RTP, um problema dos gestores que confundem o combate ao défice com objectivos de programação, e o bom desempenho financeiro com um bom desempenho em prestação do serviço público (na RTP como na vida pública do país), não foi um interveniente claro quanto a considerar relevante, ou não, as opções políticas sobre o canal público através da ERC, agora a poder ver os seus poderes reforçados.
Podemos sempre pensar que os mais pobres recorrem à televisão espanhola (30% do território não tem acesso aos 4 canais generalistas!) e que os que podem têm a tv cabo e escapam a estas manigâncias do mercado e da política caseira (ficarão sob influência de outras, claro, mas sempre têm mais escolha).
Uma batalha de percepções, também nestes assuntos. E sempre. É por isso que há uma batalha pela verdade. Sempre.
Uma batalha de percepções, também nestes assuntos. E sempre. É por isso que há uma batalha pela verdade. Sempre.
Excelente o documentário inicial sobre o papel da televisão em Portugal nos últimos 50 anos e a sua relação com o poder político e económico.
1 comentário:
"A velocidade da comunicação serve mais frequentemente a divulgação, em tempo real, dos conflitos, das suas consequências, agravando herdados capitais de queixa, do que serve o melhor conhecimento recíproco das identidades envolvidas, ou uma clarificação das causas e dos motivos da quebra da paz, ou projectos de construção de um futuro cooperante."Adriano Moreira-Diário de Notícias-20-03-2007
Parece-me oportuno citar excertos do livro"1984" de George Orwell:
"Não importa que de facto haja uma guerra e, como não é possivel uma vitória decisiva, pouco importa também que a guerra corra bem ou mal.O que importa é que possa existir o estado de guerra.(...)Mas quando a guerra se torna literalmente contínua, deixa também de ser perigosa.(...)Seria provavelmente correcto dizer que a guerra deixou de existir ao tornar-se permanente.(...)Uma paz verdadeiramente permanente seria o mesmo que a guerra permanente.Este é o significado profundo da divisa do Partido:Guerra é Paz."
Pois parece que os motivos ou os argumentos que se pretende que fundamentem a existência de uma pretensa guerra já se esfumaram e agora não se encontram as razões mais adequadas para a terminar, tão abruptamente como começou...
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