Às vezes fico sem saber nada. O meu colega Victor que arenga sobre tudo, diz-me: “A situação do país nunca esteve melhor, porque nunca ninguém se preocupou, ou conseguiu escapar a esta não preocupação, senão a satisfazer as suas necessidades ou a dos seus correligionários. Ninguém com verdadeiro poder escapou a este vício em Portugal. O que acontece é que estes no governo de agora atacaram mais a nossa classe profissional daí que tenhamos ampliado os seus vícios discursivos. Outros o fizeram antes e, de forma mais ou menos subtil, contribuíram igualmente para o descrédito contínuo e sistematizado pelos cidadãos que os elegem.
Deixa, que estes, como os outros, hão-de ir-se embora.”
Mas eu digo-lhe que não. Que eles nunca se vão realmente embora, que estão sempre a amassar-nos com as suas faltas de ideias, com os seus discursos atravessados de nulidades, com a sua falta de perspectivas ideológicas, com o seu carácter mesquinho no trato com os subordinados, século após século.
Compreendo quando Mário Soares nos diz que preferia ter escrito Os Maias a ter sido Presidente da República. Isso deu uma discussão gira ontem no fim de uma reunião na Escola. Eu dizia que realmente entre ser um génio literário e um político de relativa excelência também não teria dúvidas. O Victor respondia-me: “Ele di-lo depois de ter experimentado, voltado a experimentar e querer experimentar uma vez mais ser Presidente. Assim até eu o dizia.” O José achou que era por causa do sentido cáustico com que Eça analisou a sociedade portuguesa e que Soares ele próprio não teve o engenho de desenvolver. Depois elencou as personagens inesquecíveis pelo sentido crítico, pelo desatado idealismo, pelo oportunismo político, e pela sebentice verborreica, nomeadamente o José da Ega, Tomás Alencar, o deputado Carvalhosa e o jornalista Melchior (entre outros, sendo que os dois primeiros pertencem ao universo ficcional do livro Os Maias e os segundos aos do A Capital). A Helena congeminava uma saída de Portugal em breve enquanto recordava, rindo-se, os feitos da educação portuguesa que continua a produzir Euzebiosinhos e Dâmasos Salcede a torto e a direito. Com a crítica às políticas educativas dos governos demos por terminada a reunião após a reunião, da qual lavrei a presente acta.
Deixa, que estes, como os outros, hão-de ir-se embora.”
Mas eu digo-lhe que não. Que eles nunca se vão realmente embora, que estão sempre a amassar-nos com as suas faltas de ideias, com os seus discursos atravessados de nulidades, com a sua falta de perspectivas ideológicas, com o seu carácter mesquinho no trato com os subordinados, século após século.
Compreendo quando Mário Soares nos diz que preferia ter escrito Os Maias a ter sido Presidente da República. Isso deu uma discussão gira ontem no fim de uma reunião na Escola. Eu dizia que realmente entre ser um génio literário e um político de relativa excelência também não teria dúvidas. O Victor respondia-me: “Ele di-lo depois de ter experimentado, voltado a experimentar e querer experimentar uma vez mais ser Presidente. Assim até eu o dizia.” O José achou que era por causa do sentido cáustico com que Eça analisou a sociedade portuguesa e que Soares ele próprio não teve o engenho de desenvolver. Depois elencou as personagens inesquecíveis pelo sentido crítico, pelo desatado idealismo, pelo oportunismo político, e pela sebentice verborreica, nomeadamente o José da Ega, Tomás Alencar, o deputado Carvalhosa e o jornalista Melchior (entre outros, sendo que os dois primeiros pertencem ao universo ficcional do livro Os Maias e os segundos aos do A Capital). A Helena congeminava uma saída de Portugal em breve enquanto recordava, rindo-se, os feitos da educação portuguesa que continua a produzir Euzebiosinhos e Dâmasos Salcede a torto e a direito. Com a crítica às políticas educativas dos governos demos por terminada a reunião após a reunião, da qual lavrei a presente acta.
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