quinta-feira, junho 28, 2007

Teoria e prática

Escreveu hoje Maria José Nogueira Pinto no DN: "(...) O colocar de novo as ideias no topo da agenda política terá duas consequências: a reivindicação, pelos diferentes grupos, de espaços ideológicos diferenciados e a capacidade prática de mediação entre o mundo real e o mundo ideal. O político passa assim a ser, antes de mais, um mediador entre as condições concretas - necessidades a serem satisfeitas, interesses sociais e ambições humanas a serem ordenadas e promovidas, serviços e respostas eficazes a serem prestadas - e os ideais - o bem possível - que constituem a dimensão da esperança e a legitimação do desenvolvimento. Se assim for, Maquiavel vai ficar agradecido, e seria bom ressuscitar Thomas More em cursos de reciclagem acelerada."
Parece-me, porém, que a questão nunca foi de as ideias terem estado alguma vez ausentes do topo da agenda política (o pragmatismo e o mediatismo são manifestações de programas ideológicos, não o esqueçamos), a questão é que tipo de ideias, qual a natureza ideológica, enfim, é que queremos destacar e pôr no topo da agenda política.
Há alguma acção em política que não reenvie para um programa ideológico? Desconheço. O que pode é haver acção política desenquadrada do tipo de programas ideológicos que queremos, sabemos ou desejamos reconhecer como mais válidos.
É um combate de ideias que há que travar e não uma luta para pôr ideias onde antes havia um vazio ideológico. Este não existe na história da acção política humana. Eu diria até na história humana, mas aqui já não tenho tanta certeza.
Tem no entanto a autora toda a razão quando aponta o papel do político como sendo o de mediar entre a teoria (o programa) e a prática (a deliberação e decisão política). Esta é que a arte do político.

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