quarta-feira, junho 27, 2007

O jornalismo como arte de enquadrar

Hoje, Mário Crespo, na ressaca do formidável êxito de adesão do público à exposição da colecção Berardo, em Lisboa, convidou o director do belo museu de Serralves, do Porto, a comentar a frase do nosso primeiro-ministro, e isso no contexto de uma entrevista em que se procurou explanar sobre os apoios públicos à arte em Portugal, às instituições em geral. A frase de Sócrates foi a seguinte: "Antes, o roteiro da Arte Contemporânea acabava em Madrid. A partir de hoje, começa aqui".
Eu gosto do jornalismo de Mário Crespo.
Considero até que certos programas e certos jornalistas contribuem com muito mais do que com os enquadramentos certos ou incertos para as acções políticas, e isso quando provocam eles próprios adesão, acção de aceitação/compreensão, aos assuntos públicos. Dou como exemplo o programa de Fátima Ferreira, o "Prós e Contras". Tenho a certeza que qualquer estudo destacaria que uma de entre as grandes preocupações desta jornalista consiste em manter como tema constante dos seus programas a questão do défice público, procurando os especialistas e os governantes que dão uma resposta a este problema. Respeitando a posição contrária, a que defende que "existe mais vida para além do défice", Fátima Ferreira, no entanto, tem perguntado ininterruptamente ao longo destes últimos dois anos e meio: "Mas como, se não há dinheiro!". Este "slogan" (de uma realidade assim colocada de forma tão clara) terá ajudado, em muito, no princípio da governação socialista, à aceitação das políticas financeiras restritivas que este governo tem vindo a operar. Assim o creio.

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