Um dia vamos ter que largar a efeméride do 11 de Setembro de 2001. Não porque essa data não seja reconhecível na história da barbárie universal, mas porque ficarmos agarrada a ela nos vai levar de volta a um tempo civilizacional anacrónico, de más decisões políticas, de falsas explicações e de produção de deficiente informação jornalística que enquadrou as atitudes de uma administração, e tudo isso a partir de razões baseadas no desejo de acreditar e de defender uma ideia de pátria entendida como superior e única, quando não passou da defesa de uma parcela da ideia que de pátria se pode ter entre outras.
Um dia vamos ter que largar o dia 11 de Setembro de 2001 porque crescer implica olhar o dia 12 de Setembro. Há que evitar que o dia 11 mantenha como reféns do medo os cidadãos americanos e os do resto do mundo, reféns de uma ideia errada do estado da nação e dessa nação no mundo. O medo do que se passou no dia 11 de Setembro de 2001 já proporcionou muitas e questionáveis vitórias políticas e já determinou muitas e questionáveis decisões políticas. Cidadãos aterrorizados não são cidadãos livres de decidir. É como na vida pessoal. Um dia temos que deixar partir os nossos mortos e celebrar a vida como ela se nos apresenta no presente e pensando no melhor futuro para os que cá estão. E quem confunde esta atitude com o esquecimento é porque não sabe tudo.
E não me venham dizer que quem esquece a história está condenado a repeti-la no futuro, ou algo assim parecido. Estaline era um profundo e amantíssimo conhecedor da história da Rússia, e realmente, no entanto, de certa forma procurou ainda repeti-la. Procurou estar à altura dela quando ela lhe parecu maior, elevando-se em aparatos de violenta grandeza por uma ideia política e social que ombrearia com com outras ideias políticas passadas, à custa do próprio povo a quem essa ideia devia servir. Como no passado se fizera. Há que procurar procedimentos novos para realidades novas.
terça-feira, setembro 11, 2007
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