terça-feira, outubro 30, 2007

Ena tantos!

«Portugal é o único país da Europa em que o peso dos salários torna quase impossível realizar medidas política», disse a ministra. No jornal Sol online

Portugal deve ser mesmo o único país da Europa em que os professores são pagos para trabalhar (e tão bem que o são para tão simples tarefa, aliás). Tenho quase a certeza que a Srª Ministra da Educação quando visita outros países deve ficar encantada por haver tantos professores que de forma inteiramente gratuita, ou com um salário meramente simbólico, se dedicam a ensinar. Só precisa de nos explicar por onde anda a viajar e que professores ideais são esses que deixam de ser remunerados para que assim se possam aplicar medidas políticas.
Nós não a merecemos, à Senhora Ministra da Educação, que tanto se preocupa com as políticas educativas, e nós, o que fazemos nós? Fisgaremos o vencimento. Danados.
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É verdade que os CEF (cursos de educação e formação) e os EFA (Educação e formação para Adultos) trouxeram muitos alunos para as Escolas Secundárias. Também é verdade que estes cursos eram leccionados nos Centros de Emprego e Formação Profissional que pagavam a formadores para os assegurarem. Assim, os docentes do básico e do secundário passaram a leccionar estes cursos, o ministério aumenta o número de alunos a frequentar a escolaridade obrigatória em escolas públicas, e poupa nas remessas vindas da comunidade europeia para serem atribuídas ao pagamento de formadores e pagar instalações e material. Não está mal pensado. Mas o que se ganha com estes remendos? Se querem estabelecer de forma generalizada cursos profissionais, algo fundamental numa sociedade, criem-se ou recriem-se as antigas estruturas das escolas comerciais e industriais. Assim, como estão, não passam de emendas na estrutura frágil da Educação em Portugal.
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Os CEF funcionam do seguinte modo: um aluno com desasseis ou desassete anos reprovou sistematicamente (por faltas ou por insuficiente aproveitamento) e pode ter, por exemplo, o equivalente ao sexto ano do unificado, mas pode transitar para um curso CEF o qual lhe dará, ao fim de dois anos e se houver aproveitamento no final, uma equivalência ao 9º ano e um certificado profissional. É óbvio que é um bom investimento, o de procurar trazer o aluno para a Escola. Mas sublinhe-se que estes alunos não irão nunca possuir as competências que são exigidas a todos os outros alunos do unificado que terminam o ensino unificado. Não nos enganemos, ou a eles.
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Como se faz na Alemanha, em Munique, por exemplo? Uma criança é seleccionada no quarto ano de escolaridade (demasiado cedo quanto a mim, mas são as regras desse estado). Logo aí se decide se é encaminhada para um ensino profissional, que mais tarde lhe permitirá o acesso ao ensino politécnico, ou se é encaminhada para o liceu onde poderá procurar aceder à universidade. É duro, mas não é uma medida hipócrita ou escamoteada da realidade. Todos os educadores e educandos conhecem claramente as regras do jogo que não andam sempre a ser remendadas, e que dão uma estrutura clara e definida ao percurso académico de cada aluno.

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