Na versão portuguesa do Panorama BBC dedicado às manifestações de Setembro e de Outubro na Birmânia optou-se sempre pelo nome Myanmar para traduzir o nome do país que os próprios entrevistados, opositores ao governo, nomeavam por Birmânia.
A nossa tradução terá seguido critérios técnicos, e, ousemo-lo pensar, também critérios políticos. Na realidade pertencemos a um país que fazendo parte da União Europeia reconheceu a nova denominação política imposta pelo governo da Birmânia. Eu fico siderada com o “servicinho” feito à junta militar que governa em ditadura um país e que o controla até no nome que desejou outro e que a União Europeia, e até as Nações Unidas, Deus meu!, sancionaram. Não que os nomes tenham que permanecer imutáveis no tempo que por si tudo permite ou exige que se mude, mas ao menos que haja a regra de não aceitar as mudanças impostas por governos sem legitimidade política juntos dos povos que governam.
Há que ter pejo em não confundir os males do colonialismo com as arbitrariedades de um governo, só por estes serem de nacionais. E o mal de um nome imposto pela cultura ocupante não tem que necessariamente ser de uma natureza diversa do mal imposto por um governo usurpador do poder político. Pode até, historicamente, justificar-se e compreender-se melhor o primeiro dos males.
E esta questão dos nomes não é só uma “chinesice”, que também o é por mor da protecção da grande China ao governo despótico que controla a ordem social e política na Birmânia, pois como todos sabemos os nomes dizem mais da realidade do que ela própria o consegue fazer quando nos aparece bestial por inominável poder permanecer.
A nossa tradução terá seguido critérios técnicos, e, ousemo-lo pensar, também critérios políticos. Na realidade pertencemos a um país que fazendo parte da União Europeia reconheceu a nova denominação política imposta pelo governo da Birmânia. Eu fico siderada com o “servicinho” feito à junta militar que governa em ditadura um país e que o controla até no nome que desejou outro e que a União Europeia, e até as Nações Unidas, Deus meu!, sancionaram. Não que os nomes tenham que permanecer imutáveis no tempo que por si tudo permite ou exige que se mude, mas ao menos que haja a regra de não aceitar as mudanças impostas por governos sem legitimidade política juntos dos povos que governam.
Há que ter pejo em não confundir os males do colonialismo com as arbitrariedades de um governo, só por estes serem de nacionais. E o mal de um nome imposto pela cultura ocupante não tem que necessariamente ser de uma natureza diversa do mal imposto por um governo usurpador do poder político. Pode até, historicamente, justificar-se e compreender-se melhor o primeiro dos males.
E esta questão dos nomes não é só uma “chinesice”, que também o é por mor da protecção da grande China ao governo despótico que controla a ordem social e política na Birmânia, pois como todos sabemos os nomes dizem mais da realidade do que ela própria o consegue fazer quando nos aparece bestial por inominável poder permanecer.
Lembro Romaine, a personagem de Mélo (um filme que glosa o tema uma Madame Bovary no século XX), quando ela se insurge contra o facto de o marido usar sistematicamente um diminutivo quando a ela se dirige, a demonstrar que a reivindicação de um nome próprio é um sinal de autonomia e de afirmação de identidade.
Que nome próprio os birmaneses querem ver usado para o seu país ninguém verdadeiramente o sabe. Há que esperar pela democracia antes de aceitar os baptismos forçados, em nome da liberdade para o povo da Birmânia.
2 comentários:
Este é de longe dos melhores blogues portugueses, parabéns.
Seria um prazer um dia poder escrever consigo.
Bondade sua, caro João, como me ensinaram a dizer.
Bondade sua, como aprendi, à minha custa, a sentir.
Obrigada pela sua continuada atenção a este trabalho.
isabel
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