quarta-feira, dezembro 26, 2007

partidocracia/bem comum

"Mostra-me o teu talento; não me mostres o cartão do partido", disse Brecht, a um actor que lhe apareceu no Berliner Ensemble, resguardado com o facto de ser militante comunista. E correu com o apadrinhado. A lição não perdura. Estabelecida a vocação da "cunha" partidária, o instinto de independência moral provoca indiferença e, até, hostilidade. A inteligência, o mérito, a integridade e a habilitação são castigados como delitos. O que se observa, nos tristes casos da BCP e da Caixa Geral de Depósitos, com a disputa da pertença circunscrita aos assim chamados "partidos de poder", reflecte o mais atroz impudor. As exclusões permitem-nos concluir que o PS e o PSD perderam o respeito pelos portugueses e a dimensão colectiva que se lhes exige. Aliás, o projecto inscrito na exigência de um mínimo de cinco mil militantes por partido e a revelação dos seus nomes é desprezível, por equivaler a uma estratégia de poder absoluto do "centrão". É preciso conciliar os vínculos morais com os traços distintivos das nossas indignações. "
"A ESCADA DE JACOB" de Baptista-Bastos, escritor e jornalista in DN online
b.bastos@netcabo.pt

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