quarta-feira, janeiro 30, 2008

A escola por reformar ou uma ideia de reforma social para a escola

Para além da tremenda injustiça social que é o estatuto de carreira docente, dos abusos cometidos em nome de um Estado nitidamente em luta contra si próprio, não para se refazer, o que seria interessante num país de Estado monolítico há décadas, mas para se desfazer de si, e consigo levar a identidade social, ou ainda do que se está a querer fazer com as reformas absurdas para a direcção das escolas secundárias, o que mais me preocupa é a ideia de educação que gere o tempo presente. Dizem-me: "Esquece, não reajas, entra em greve de zelo crítico". Mas isso será como uma espécie de injecção de conformismo perante a inevitabilidade ou a arbitrariedade de leis que são simulacro de solução para o ensino. Como se não ousássemos pensar para além da imediata reacção às coisas por reflexo emocional.
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Mas o que há a pensar? Em primeiro lugar o que queremos reproduzir através da Escola, em segundo lugar o que queremos criar através da Escola. E não me digam que não é nada senão uma resposta espontânea às necessidades imediatas da realidade social, porque isso é uma mentira pós-modernista, e não me digam que têm um projecto iluminista de aperfeiçoamento da realidade social, porque eu também não acredito, sobretudo porque questiono a ideia de aperfeiçoamento ou o modo como se seleccionam e aplicam os critérios para avaliar esse aperfeiçoamento. É o quê? Uma sociedade mais livre, mais justa, mais equitativa, mais democrática, mais crítica, mais conformista, mais pragmática, mais funcional, mais economicista, mais produtiva ou mais coesa, mais soberana, mais sábia? E a Escola é o quê? Um centro de ocupação dos tempos livres, um centro social, uma clínica de apoio psicológico ou um centro de detenção ou um meio de atrasar a entrada no mercado de trabalho de milhares de seres humanos? O quê?

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