Houve um tempo em que o programa “Choque ideológico” que passava diariamente na RTPN contava com um filósofo, Paulo Tunhas. Nos dias em que Paulo Tunhas debatia os temas com Paulo Varela Gomes, pelo menos nos dias em que o ouvi, Tunhas, de forma lacónica, e não raras as vezes, dizia nada ter para dizer porque sobre o assunto não tinha opinião. Ao constrangimento que eu própria como espectadora comecei a sentir pela disposição evidenciada foi sucedendo o sentimento de surpresa que se transformou, com o tempo, em convicto assombro. O homem nada tinha para dizer, logo não dizia. É de filósofo. Foi de lá corrido rapidamente, ou deu-se a si próprio como corrido, porque afinal o programa alimentava-se da discussão entre pares e não de uma demonstração da exigência de um tempo longo de ponderabilidade intelectual. Eu dava comigo a pensar, parodiando Nani Moretti no seu filme Abril: “Ó homem diz qualquer coisa filosófica. Diz qualquer coisa, vá diz.”
Há muito tempo que queria escrever sobre este episódio. Não sei porque o faço hoje aqui. Podia dizer que é porque ando para falar de um conjunto de temas para os quais não encontro palavras. Não é que eu me queira comparar em atitude à de Tunhas, não, porque eu não sou filósofa e por isso opinião lá isso eu tenho sempre, tal como o cãozinho de Pavlov salivava quando ouvia a campainha eu boto faladora quando oiço a palavra opinião, a questão está em que não tenho é palavras. Ou disposição para me sentar e encontrar as palavras. Para falar do conceito de crise, ou de ética, ou de deontologia profissional, ou de análise política de eleições a partir da questão do género, ou das pessoas da minha pátria que ciciam, ou das outras que dizem bem alto o que deve ser dito, mas que depois da excitação inicial que as suas palavras provocam são tomadas de uma reserva cúmplice para com uma ideia de estabilidade social que ninguém sabe o que é, nem sob que virtudes públicas deve ser fundada. Agitação de águas à superfície. Como seria interessante saber o que dessas correntes é arrastado para o fundo e cria lastro cultural.
Há muito tempo que queria escrever sobre este episódio. Não sei porque o faço hoje aqui. Podia dizer que é porque ando para falar de um conjunto de temas para os quais não encontro palavras. Não é que eu me queira comparar em atitude à de Tunhas, não, porque eu não sou filósofa e por isso opinião lá isso eu tenho sempre, tal como o cãozinho de Pavlov salivava quando ouvia a campainha eu boto faladora quando oiço a palavra opinião, a questão está em que não tenho é palavras. Ou disposição para me sentar e encontrar as palavras. Para falar do conceito de crise, ou de ética, ou de deontologia profissional, ou de análise política de eleições a partir da questão do género, ou das pessoas da minha pátria que ciciam, ou das outras que dizem bem alto o que deve ser dito, mas que depois da excitação inicial que as suas palavras provocam são tomadas de uma reserva cúmplice para com uma ideia de estabilidade social que ninguém sabe o que é, nem sob que virtudes públicas deve ser fundada. Agitação de águas à superfície. Como seria interessante saber o que dessas correntes é arrastado para o fundo e cria lastro cultural.
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