sexta-feira, fevereiro 15, 2008

o discurso e os seus efeitos: o efeito tambor

"Nothing in this country has ever happened except somebody, somewhere, was willing to hope."

Repare-se o que era sermos americanos e ouvirmos isto. São frases épicas, de encher o peito. Talvez a senadora Hillary Clinton tenha dos melhores projectos sociais para a américa das últimas décadas, talvez o senador McCain pudesse apaziguar os americanos entre o seu ímpeto para polícias no mundo e aquele outro de serem meros cidadãos regidos por um pensamento utilitarista quanto ao tipo de finalidade presente quando há escolhas a realizar na vida pessoal e pública, mas nenhum deles tem a grandiloquência do senador Obama.
E essa qualidade atrai: chama-se capacidade retórica e não significa por si falta de ideias, ou fuga à verdade, pois é uma forma de passar ideias.
Perelman explica-o muito bem quando diz que a argumentação, tal como a nova retórica o compreendeu, não visa só a adesão intelectual por parte de todos os que a ouvem mas que ela visa incitar à acção. É um discurso que tem por intenção convencer ou persuadir.
O que o discurso de Obama aportará de técnica de lisonja do auditório, como os filosófos gregos nos alertariam a não descuidarmos, ou legítima e razoável forma de apresentar argumentos, como Obama quererá demonstrar, é algo que só a natureza das suas convições pessoais suportadas pela sua acção prática podem permitir analisar. E esta é a função dos eleitores americanos.
Pelo menos podem escolher entre candidatos interessantes e que fazem as pessoas acorrerem às urnas. Muitas novas teses surgirão deste novo reforço na participação democrática das pessoas nestas eleições. Muitas ideias feitas sobre o futuro cultura política a serem repensadas.
Pela forma como está a proceder com os seus discursos, a utilizar como ninguém essa sua qualidade de tribuno, o senador Obama desenvolve aquilo que me parece ser o efeito tambor numa marcha militar. Pôr toda a gente a seguir o ritmo. Ou atrás do ritmo. Algo mais sério.

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