domingo, junho 08, 2008

Uma questão de paixão

A editora Guimarães dedicou todo um pavilhão a Agustina Bessa Luís, a grande. Lindo!

A ideia é maravilhosa, mas a execução é horrível. Os muitos livros que a escritora publicou não chegam para atapetar toda a área do stand, que expõe assim as fragilidades estéticas da estrutura. Eu julgo que seria melhor ter optado pela profusão, pelo sentimento barroco, de expor em séries repetidas os volumes de Agustina até encher as bancadas e os expositores. As dezenas de livros de Agustina a replicarem-se em centenas e até em milhares como uma biblioteca de vertigem. Tal como está, a bela ideia mais parece uma cópia daqueles bazares de fim de feira, em que a quermesse resume-se a meia dúzia de objectos que deixam à vista o papel de decoração baratito e mal cortado, os papelotes das rifas a desmancharem-se, as luzes a piscarem em curto-circuitos, tudo num ambiente de certa desolação de alma.

Salvou-se a inexcedível boa vontade do velho senhor que nos atendeu, ainda a frase da autora em azul a falar do azul que decora a área, e a entrega final de mercadores de livros a apelarem à nossa atenção para a Birmânia.

Gosto deste tipo activo de publicitação: eu mostro-lhe que vendo um livro, por exemplo este Do outro lado do mundo, de laura Vasconcellos, e você pode ainda consultar o site burma campaign e apoiá-los nas suas iniciativas contra o governo de Myanmar. Pague um livro e leve duas coisas para fazer. Eu gosto. Mas eu já se sabe!

A paixão por Agustina devia ter-se mostrado absoluta, avassaladora na sua manifestação. Tal como está, está… benzinho. Parece mais um gesto de amor de um homem casado e acomodado à segurança que a presença da sua senhora lhe dá.
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Qual é o editor no mundo que não cobriria de homenagem, sobre homenagem, sobre homenagem, esta obra?

Assim como assim, prefiro a ideia editorial de exposição de livros da Guimarães à da Leya. Esta última parece-me um bebé birrento a espernear no meio da feira.
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Comprei os seguintes livros de Agustina: As chamas e as almas (não conheço essas obras da década de setenta e que falam desse tempo de pós revolução, agora aqui reunidas neste volume), Ordens menores e Contemplação Carinhosa da Angústia.

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