terça-feira, setembro 23, 2008

A universidade e o forte 4

A universidade é a de Rio Grande do Norte. Uma universidade enorme, numa cidade de que fiquei a gostar. Os edifícios espalham-se pelo terreno em extensão. Edifícios utilitários a lembrarem-me um pouco a atmosfera arquitectónica de Berlim Leste antes da queda do muro, mais até do que a nossa arquitectura de Estado Novo. Mas só os edifícios são assim percepcionados, porque dentro deles faz-se luz e dá-se o constraste pela vivacidade de grupos de jovens faladores e animados, na sua grande maioria vestidos de forma muito prática sem grandes preocupações com as marcas da moda ou com o estilo.
Nada sei sobre as suas aulas. Estive de passagem por um congresso da Intercom. Ao almoço, na cantina geral, um reboliço pelas regras novas que toda a gente na fila explica pacientemente: entra-se com uma senha para um espaço central no átrio do edifício que fica numa zona mais elevada onde se encontram as mesas com a comida exposta, depois seleccionamo-la, "Vá, por favor, não fique meia-hora para se decidir", vamos pesá-la, e toca logo a procurar um lugar com o prato na mão em equilíbrio com os talheres.
À mesa, que escolhemos por ter o menor número de louça dos comensais anteriores e o menor número de migalhas na toalha, aliás cedida por gentileza por duas professoras que estavam a terminar o seu almoço, há-de vir um empregado perguntar o que queremos beber. Findo o prato principal o mesmo empregado virá propor-nos a sobremesa, e quando terminarmos iremos com o nosso papelinho a uma caixa registadora onde estará já a indicação do que consumimos, pela indicação do número. À saída entregamos a senha a outro empregado e terminámos o almoço.
Por todo o lado a festa do português, claro. É um orgulho imenso olhar todas aquelas caras jovens, desconhecidas, e até então inimaginadas, e ouvi-los falar português.
Por mim, não conheço melhor proposta para se entrar num país que não seja pela porta de uma escola. São gostos pela universalidade.

Entrei na livraria e comprei dois livros. Mas esta há-de ser outra história.

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