... estive a falar com uma senhora idosa, esposa de um ministro em dois governos no período imediato ao 25 de Abril. Como se fosse ontem contou-me da morte do senhor por exaustão, por dever cumprido em obediência estrita a ordens dadas pelos seus superiores hierárquicos, como se convites fossem com a hipótese de uma recusa que no entanto não era sequer considerada.
Militar de carreira, aceitou os cargos, e exerceu-os como uma missão, mas viveu sempre perturbado pela sua impotência em gerir a situação descontrolada em termos sociais, judiciais e económicos que alguns assuntos públicos tomaram então.
Nunca saberei o que da memória da senhora corresponde à verdade de uma figura que ambas desejamos que tenha sido heróica. Ela por amor a ele, eu por querer considerar certas figuras da minha pátria. Ela chora-o há trinta anos, eu tenho tentado tudo por tudo para impedir que os políticos do meu país me façam chorar.
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