terça-feira, novembro 11, 2008

Esta é a alegria desta terra...

Saber que existem ou existiram pessoas em Portugal que escreveram e agiram como José Ferreira Barroco e Sousa. Professor de Direito na Universidade de Coimbra, Presidente da Câmara de Coimbra entre 1905 e 1911, defensor de um socialismo municipal, partilhando a causa monárquica, ao ser convidado para Ministro da Primeira República não aceita o cargo. Mas é um homem que ultrapassa as divisões ideológicas simplistas.

Ontem, pela voz consequente do Senhor professor Rui Figueiredo Marques ouvi pela primeira vez falar nesta figura que defendia com a sua doutrina e com a sua acção prática na política que "As administrações públicas devem viver em casas de vidro".


Um homem que enquanto Presidente de um município introduziu reformas que conduziram imediatamente à melhoria das condições de vida do operariado em geral e sobre os trabalhadores municipais em particular, fazendo aprovar leis do trabalho em tudo inovadoras à época a qual se pautava por valores de defesa de um liberalismo económico selvagem, em Portugal e no mundo: introduziu o dia de 8 horas de trabalho, o descanso semanal de um dia, ao Domingo, a proibição do trabalho infantil, etc. É dele também a iniciativa da construção do bairro de operários em Coimbra que oferecesse condições dignas de vida, entre outras obras de interesse geral. Tudo isto a par de uma obra académica na área jurídica de grande interesse para Portugal.


No seguimento das teorias de Eduard Bernstein, o teórico alemão que defendia um socialismo não revolucionário que evoluísse para uma teoria social democrática, o nosso Barroco e Sousa defendia também que "O município constitui a maior alavanca para o desenvolvimento constitucional", naquilo que iria ser o prenúncio de uma política descentralizada do poder, mais próximo das necessidades e interesses das comunidades.
É uma alegria saber da existência deste tipo de pensadores e políticos em Portugal. Faz-me bem.

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