"(...)Repare-se no rosto dos que estão no poder, e no daqueles que estão preparados para os substituir. Sempre aquelas caras que pouco se alteram. Sempre os mesmos hábitos. Sempre o mesmo sarro da aldrabice, da dissimulação, do desdém por todos nós. As eleições estão à porta. As sondagens fornecem-nos indicações arrepiantes. A mesma clique, a mesma casta, a mesma direcção e o mesmo sentido." Baptista-Bastos in Jornal de Negócios
sexta-feira, fevereiro 27, 2009
quinta-feira, fevereiro 26, 2009
cidadania?
Ontem desafiaram-me a responder a algo que resumidamente enuncio aqui:
1. Existe espaço público em Portugal?
2.Existe jornalismo cívico?
3. Que exemplos de participação cívica têm influência na vida social?
Hoje respondi à flor do pensamento:
1.Existe expressão pública de grupos de interesses mais ou menos estruturados (associações, sindicatos, grupos de cidadãos com intuitos profissioanis, recriativos, culturais, entre outros, fundações, empresas, ordens profissionais, em particular, e assembleias mais ou menos formais em geral, etc.).
A esfera pública é uma concepção volátil: tão depressa é consensual que se identifica o seu uso com o aparecimento dos media, como se declara ser ela um encontro de vontades que se universaliza num só movimento ou voz (manifestações, comícios, reuniões gerais com moção aprovada, etc).
O espaço público parece-me uma metáfora para um desejo social e político de uma realidade que nunca aconteceu na história. E porquê? Porque deliberar dá um trabalho imenso e, no nosso tempo, implica uma multiplicidade de escolhas que só os mais especializados ou mais infatigáveis cidadãos de entre nós está preparado para suportar.
2. Existe uma ideia de jornalismo cívico; mas como os valores parecem ferro fundido na nossa actual sociedade, o que hoje se entende por cívico amanhã pode mudar, em nome de uma relativo superior interesse da liberdade de definição, ou algo que o valha.
1. Existe espaço público em Portugal?
2.Existe jornalismo cívico?
3. Que exemplos de participação cívica têm influência na vida social?
Hoje respondi à flor do pensamento:
1.Existe expressão pública de grupos de interesses mais ou menos estruturados (associações, sindicatos, grupos de cidadãos com intuitos profissioanis, recriativos, culturais, entre outros, fundações, empresas, ordens profissionais, em particular, e assembleias mais ou menos formais em geral, etc.).
A esfera pública é uma concepção volátil: tão depressa é consensual que se identifica o seu uso com o aparecimento dos media, como se declara ser ela um encontro de vontades que se universaliza num só movimento ou voz (manifestações, comícios, reuniões gerais com moção aprovada, etc).
O espaço público parece-me uma metáfora para um desejo social e político de uma realidade que nunca aconteceu na história. E porquê? Porque deliberar dá um trabalho imenso e, no nosso tempo, implica uma multiplicidade de escolhas que só os mais especializados ou mais infatigáveis cidadãos de entre nós está preparado para suportar.
2. Existe uma ideia de jornalismo cívico; mas como os valores parecem ferro fundido na nossa actual sociedade, o que hoje se entende por cívico amanhã pode mudar, em nome de uma relativo superior interesse da liberdade de definição, ou algo que o valha.
A indicar um jornalismo cívico eu diria o que se pratica com os espaços utilizados para recriminação pública (cidadão jornalista-polícia e advogado), como é por exemplo o programa "Nós por cá" da SIC. Não funcionando a justiça, o cidadão identifica o jornalismo como instituição que ajuda não só a promover como a defender os seus direitos.
Os blogues, muitos deles, têm o mesmo papel: servirem como espaço de publicitação/discussão de certos temas que agrupam diferentes pessoas sob o mesmo interesse e com conveniência em tornar públicas as suas posições.
3.Para quem ouve os espaços de intervenção do cidadão, com discursos pejados de lugares comuns (os fóruns na rádio e na TV), até parece que não houve evolução efectiva na nossa participação como cidadãos, mas de facto como comentadores em esfera pública os portugueses fizeram uma evolução considerável desde há trinta e cinco anos, pois são mais articulados e desembaraçados ao falarem em público, e conseguem manifestar-se sobre um número considerável de temas que não só sobre futebol.
Os blogues, muitos deles, têm o mesmo papel: servirem como espaço de publicitação/discussão de certos temas que agrupam diferentes pessoas sob o mesmo interesse e com conveniência em tornar públicas as suas posições.
3.Para quem ouve os espaços de intervenção do cidadão, com discursos pejados de lugares comuns (os fóruns na rádio e na TV), até parece que não houve evolução efectiva na nossa participação como cidadãos, mas de facto como comentadores em esfera pública os portugueses fizeram uma evolução considerável desde há trinta e cinco anos, pois são mais articulados e desembaraçados ao falarem em público, e conseguem manifestar-se sobre um número considerável de temas que não só sobre futebol.
Não fizeram evolução idêntica foi em produção de ideias/acções decorrente do associativismo cívico, ou em movimentos colectivos de reforma social dos costumes. Isto dá de facto muito trabalho e exige dedicação e empenho que o comum dos trabalhadores não consegue, ou quer, disponibilizar. Estes espaços foram sempre dirigidos pelo Estado através de leis coercivas (veja-se as leis do trânsito, dos fumadores, da ASAE, etc., tudo medidas a endurecerem os correctivos disciplinares sobre um povo que não busca para si a harmonia ou auto-controlo).
Demasiado Estado sobre o comportamento civil porque, penso eu, as esferas sociais de socialização como a família, o grupo de pares ou a escola o deixaram de fazer de forma contínua e integrada. A autoridade do Estado contra a autoridade do cidadão consciente dos seus direitos e dos seus deveres.
segunda-feira, fevereiro 16, 2009
"Afinal, para que servem os sindicatos?"
"PARECER preliminar de Garcia Pereira – versão completa. Via Almocreve das Petas.
Bom, eu que tenho acompanhado o percurso dos sindicatos e dos movimentos de professores posso, para já, concluir duas coisas: os primeiros têm o poder de servir para mobilizar pela capacidade logística e comunicacional, os segundos têm o poder de acompanharem e de recriarem o espaço público de discussão ainda que muitas vezes sobre as iniciativas privadas de cada professor. Os primeiros uniformizam a reacção, os segundos contemplam a expressão privada da angústia e do desamparo institucional dos professores. E estes estão a fazer um excelente trabalho: às vezes ficam confundidos quanto aos seus papéis no contexto político, mas esta já é outra discussão que decorre precisamente da sua procura de uma forma de expressão em tudo muito nova, pelo meio escolhido, em Portugal.
sexta-feira, fevereiro 13, 2009
O livro que trouxe da livraria, O século dos Intelectuais, era afinal uma tradução da Bertrand para o português do Brasil. Lá tive que ir trocar o livro, porque na realidade havendo uma tradução em Portugal não sinto necessidade de o ler numa escrita em que "tropeço" mentalmente em certos termos. Uma questão de hábito e de conforto.
Ainda em saldo, e pelo preço de um, trouxe um livro de Jon Meacham sobre Roosevelt e Churchill, e um´outro sobre as mulheres na política de Michael A. Genovese.
De certa forma esta minha necessidade de andar sempre a rectificar o que faço é uma metáfora para a minha cegueira parcial como uma forma de ser.
Um professor meu alertava-me para a tendência de fazer avaliações baseada no que é contado por outrem, sendo que para todos conta aquilo que as pessoas fazem realmente connosco em cada situação. Constatar factos mais do que recolher apreciações de terceiros.
O problema parece-me estar na impossibilidade de nos relacionarmos de forma efectiva com todas as pessoas de quem nos falam, e de não podermos testar como hipóteses aquilo que nos é dito sobre outrem.
Imaginemos que uma amiga me fala das falhas de carácter do ex-marido. Ele até pode ser correcto e gentil para comigo quando me encontra, mas essa apreciação não poderá sobrepor-se à minha total confiança acerca da avaliação feita pela minha amiga acerca da má prestação do sujeito enquanto marido, daí decorrendo que eu própria o julgo segundo essa perspectiva.
Onde fica então o limite daquilo que eu tenho que tomar como verdade? A suspeita sobre todas as formas de discurso é legítima?
Mas isso implica estar sempre atenta a formas de influência e de poder, e de os ter sob permanente suspeita o que, na vida privada, nos pode levar à desconfiança paralisadora, e na vida pública à paranóia, ou não?
Pois, é uma questão de equilíbrio. Eu sei.
quarta-feira, fevereiro 11, 2009
Volto aos livros, de onde nunca saí, mesmo quando escrevi por reacção pessoal a estados de comunicação e de decisão que considero ignomínias numa democracia. Volto aos livros. E trouxe da livraria da universidade, em saldo, O século dos intelectuais, de Winock, e Political Philosophy and ideology de McDonald. A ler ainda, portanto.
Dos já lidos, e fora do contexto de trabalho darei conta em breve.
Vou importar a discussão mais teórica que estava a ter no blogue "A la Gauche" e deixar aquele para "Estados de leitura noticiosa",para exibir a minha auto-proclamada veia polemista. Aqui ficarão os textos que eu considero de "desenrolar a mente", como se um cavalo no picadeiro se tratasse.
terça-feira, fevereiro 10, 2009
A perfeição existe, e revela a nossa estreita vida democrática neste fabuloso texto
Está bem... façamos de conta
"Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões (contos, libras, euros?). Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.
"Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões (contos, libras, euros?). Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.
Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês. Façamos de conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que, pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris irrepreensível. Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu. Façamos de conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não passa de uma invenção dos média. Façamos de conta que o "Magalhães" é a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar acções de propaganda do Governo sobre a educação. Façamos de conta que a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do melhor que há no Mundo. Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse que "quem se mete com o PS leva". Façamos de conta que Augusto Santos Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na Direita" (acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda). Façamos de conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport. Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro e sem confianças de natureza pessoal. Façamos de conta que Edmundo Pedro não está preocupado com a "falta de liberdade". E Manuel Alegre também. Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso comparar o Caso Freeport ao Caso Dreyfus. Façamos de conta que não aconteceu nada com o professor Charrua e que não houve indagações da Polícia antes de manifestações legais de professores. Façamos de conta que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são normais e de boa prática democrática as declarações do procurador-geral da República. Façamos de conta que não há SIS. Façamos de conta que o presidente da República não chamou o PGR sobre o Freeport e quando disse que isto era assunto de Estado não queria dizer nada disso. Façamos de conta que esta democracia está a funcionar e votemos. Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada há-de acabar-se como todas as coisas. Votemos Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja. Votemos por unanimidade porque de facto não interessa. A continuar assim, é só a fazer de conta que votamos."
Mário Crespo in JN
segunda-feira, fevereiro 09, 2009
Este país não é para crianças 2
Uma amiga de amiga, pessoa cuja opinião estimo, discutia comigo a entrega da menina "Esmeralda" ao pai. Jurista de formação, ela defendia a superior decisão do tribunal, e alegrava-se por finalmente se ter feito justiça após todos estes anos de intoxicação da opinião pública por figuras alheias ao processo e que defendiam, diz ela, um crime de subtracção de menor.
Eu não duvido que a juíza do caso estivesse a fazer cumprir a lei, ainda que de forma sub-reptícia e ela própria digna de figurar no papel de uma subtracção de menor, mentindo aos presentes sobre a durabilidade da sua decisão; o que me perturba precisamente é este tipo de lei.
A minha amiga dizia-me que a partir do momento em que instado a fazer análises e confirmada que a criança era sua, o Senhor Baltasar requereu a guarda da filha. Mas eu perguntei-lhe como teria sobrevivo a bebé até ao dia em que isso aconteceu, se alguém não a tivesse acolhido, amado, alimentado e cuidado. Desde a gravidez até ao ano de idade da criança o pai não quis reivindicar direitos sobre a filha, ora como é que a lei permite este tipo de comportamento aos progenitores portugueses? Repito: Este país não é para crianças. Talvez seja para os proprietários de crianças.
..
Numas coisas estivemos de acordo: este caso não é um Benfica/Sporting da vida (embora ambas as partes tenham claques igualmente abusadoras) e existem dezenas de casos igualmente graves dos quais ninguém fala.
Pois, mas a lei não deixa de estar mal feita por isso mesmo. São péssimas as leis sobre adopção e cuidados de crianças em Portugal. Péssimas. E o Estado, em muitas das suas instituições, não é sequer um bom cuidador.
sexta-feira, fevereiro 06, 2009
Teste da boneca/percepção da cor
Vídeo enviado pela minha amiga Teresa Marques, a propósito de certas palavras minhas.
Vídeo enviado pela minha amiga Teresa Marques, a propósito de certas palavras minhas.
quinta-feira, fevereiro 05, 2009
quarta-feira, fevereiro 04, 2009
Que belo título, nem de encomenda! Às vezes pensamos que fretes são estes. Às vezes não, sempre.
"Maioria dos professores já aceita ser avaliada"
in DN
in DN
Desde quando é que os professores não aceitaram (ou não foram) avaliados? E que maioria é esta para este tipo medíocre de avaliação, que já nem no Chile se defende? A dos contratados, cheios de medo?
"O buraco do BPN é do tamanho de um oceano, mas os que dele receberam prebendas e ofícios continuam a dar-nos lições de moral, pessoal, religiosa e pública, sem qualquer espécie de vergonha."
Sobre o tempo que passa
Sobre o tempo que passa
Crise negra ou palavras levianas
Ontem, após leitura dos objectivos do Pacto social Europeu, discutia com os meus alunos de Cidadania algumas consequências da actual crise financeira e económica que leva ao desemprego em massa ou à xenofobia e nacionalismo agressivo. Discutia sobre a legitimidade constitucional desses actos e perguntava-me da sua extrema necessidade; falava da diferença entre a teoria e a prática no discurso da globalização. De repente digo qualquer coisa como "anos negros vão continuar a avizinhar-se." Parei, atenta. Os meus alunos negros baixaram a cabeça. Só isso. E eu, estúpida, pensei, o que é que tu sentias se uma professora que habitualmente escutas, classificasse a crise como representando um "humor feminino"?
E isto não tem a ver com o buscar um vocabulário politicamente correcto, tem a ver com o vocabulário que constrói o mundo. E eu preciso de palavras sábias, mas é-me tão difícil encontrá-las, e, encontrando-as, saber utilizá-las.
Motivo de desassossego ou a questão central da divisão e independência dos poderes
"(...) no último e monocórdico "Prós e Contras" da RTP, Saldanha Sanches disse alto e bom som que, se o Ministério Público se encontra, a nível autárquico, "capturado" pelos poderes locais, no topo a situação é "ainda pior". E, que eu saiba, ninguém, designadamente a PGR, contestou essa afirmação. E isso, sim, é motivo de desassossego. Porque, assim sendo, se a autonomia do Ministério Público e a independência da acção penal são ficções, isto deixou de ser um país democrático e passou a ser uma ficção de Democracia."
Manuel António Pina in JN
terça-feira, fevereiro 03, 2009
Sem dramas, choros ou ranger de dentes, sem clima de suspeições, mas sim de verificação dos poderes.
"(...) interrogar governos sobre se houve troca de favores por dinheiro. Seria insultuoso para todo o sistema democrático não o perguntar. É insultuoso o governo não responder. (...)" Mário Crespo, JN
segunda-feira, fevereiro 02, 2009
Essa questão da ingovernabilidade...
surge sempre que há uma crise, como se essa questão não dissesse respeito exclusivamente à classe política, que ela sim é que pode ser a causa e o objecto dessa ingovernabilidade, lá dentro da coutada.
O povo esse, chamado de quando em vez a depositar o seu voto na urna, serve para emoldurar um território, para o qual se quer encontrar um governador, e aprende a viver com as linhas com que as leis contingentes os pretendem cerzir. Fá-lo há séculos e há-de continuar a fazê-lo por muitos mais. Nem, para meu horror, o fim da democracia seria o fim da Portugal, embora fosse o fim do meu Portugal. Ao limite, nada terá muito importância se pensarmos em termos de história reprodutiva da espécie, ou mesmo desta população. Mas se pensarmos na história de um povo, ou ainda mais importante, na história dos indivíduos, veremos como a nossa capacidade de sobrevivermos não se coaduna com cobardia, silenciamento, adulteração dos factos ou perseguição dos que connosco não concordam. O pântano do país nasce da traição que fazemos a nós próprios e às nossas ideias, ou às pessoas e ideias com as quais nos comprometemos. Não é a verdade que é pantanosa. Essa só dói, mesmo no mecanismo do reflexo de espelho, mas cura.
No país, as pessoas são afectadas pelas políticas dessas lideranças, fracas ou fortes, e sabem na pele o que é sofrer com um sistema de justiça inapto para responder às questões dos mais desfavorecidos e dos mais velhos. Não há ninguém em Portugal que não saiba que alguém ofendido ao afirmar que "vai para tribunal" não ouça um riso ameaçador: "então vá, que eu depois quero ver quanto dinheiro e quanto tempo vai gastar até chegar a coisa nenhuma."
Não me venham dizer que a ingovernabilidade do país nasce das notícias nos jornais do Freeport. Esta nasce sim do modo como as instituições democráticas se relacionam com os seus cidadãos. O caso Freeport, se algum dia se chegar a uma conclusão, é apenas um bónus para a sociedade, e talvez então, nesse caso, se saiba se as notícias são matéria de facto ou de opinião. Mas isso não traz mais governabilidade, porque há milhares de processos parados, e há outros tantos que nunca existirão de pessoas espoliadas mas cheias de medo do próprio sistema criado para as proteger. Isto é que é ter um fraco governo.
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