domingo, abril 29, 2007
Direitos económicos, sociais e culturais
sábado, abril 28, 2007
vinte e cinco de Abril
O hospital é grande, harmonioso mesmo, visto do exterior. Depois entra-se na zona da emergência e temos um choque emocional. Quem visitar os pacientes no SO de Faro submerge numa atmosfera de cenário de um filme de clínicos a trabalharem numa situação equivalente ao que nos é dado imaginar ser uma situação de atendimento médico após catástrofe. E que, ali, é a situação corrente de atendimento. Muitos mo confirmaram.
Não pode ser explicação suficiente, aquela que nos é dada no cartaz que à entrada das urgências avisa que o hospital está a proceder a obras para instaurar o sistema de atendimento segundo o método de Manchester. Não pode ser essa a explicação para o facto dos visitantes terem que passar entre três filas contínuas de macas que se aglomeram no hall, seguindo depois por um corredor com friso duplo de mais doentes em macas, isto enquanto andam à procura do seu familiar ou amigo. Nesse caminho vêem-se médicos a tirarem sangue ao seu paciente, ao mesmo tempo que passamos a seu lado evitando procurar tocar-lhes, vemos outros a passarem em grande velocidade ziguezagueando entre nós e as macas a caminho de não sabemos onde. Espreitamos para a sala de ressuscitação e vemos mais dois médicos a darem consulta a um número igual de doentes, não vislumbramos muitas vezes ali, nos corredores pejados de doentes, um auxiliar que seja ou um enfermeiro a quem perguntar a direcção, e não sabemos assim como encontrar quem procuramos. Deambulamos perdidos, procurando respeitar a intimidade de quem ali está exposto aos olhares de quem passa, mas não podendo evitar fisicamente a invasão desse espaço.
Há um médico jovem, com um sorriso fácil, que ainda não aprendeu as manhas de fugir aos bloqueios que os familiares desorientados lhe fazem com o intuito de obter informações. Às vezes faz cara feia e diz com o ar de atarefado de quem realmente o está:”Eu não sou o médico desse/a paciente, mas vou chamar o/a colega que lhe poderá dar assistência”, e desaparece. Até uma próxima vez que ali passar. Na sala de imagologia estão nessa hora cinco doentes. Estão sob observação constante. São doentes em estado grave. Quase em cima uns dos outros, homens e mulheres. Uma delas geme alto e ininterruptamente. Outra, com o ar gracioso de um ser alado, uma idosa de olhos doces e tão magra que diríamos quase não ser, acena-nos com a mão e pede-nos baixinho para fazermos o favor de chamar um/a enfermeira. Só podemos tentar encontrar alguém. “Mas não há uma campainha para chamar assistência? - podemo-nos perguntar irritados, enquanto tentamos manter o sorriso.” Os homens, aqueles, estão calados, imóveis, respiram com dificuldade. Um deles, de etnia cigana, vindo de São Brás de Alportel, tem à porta do hospital bem mais de duas dezenas de familiares e amigos de todas as idades que ali se reuniram para saber notícias, para aguardar por ele. Depois a saída dessa dura realidade circundante e velamos, à vez, pelo nosso paciente, uns minutos.
Em todo o barlavento algarvio não há um aparelho para fazer uma TAC ou uma hemodiálise a não ser em Faro. O hospital de Lagos é pouco mais que um Centro de Saúde com serviço de urgência, com médicos que mudam constantemente e que não conhecem os doentes. Em Portimão também não há todos os meios de diagnóstico, e os doentes mais graves são enviados então para a capital de Distrito que fica, em alguns casos, a mais de oitenta quilómetros de casa, sendo que não há nenhuma possibilidade de se obter informações dos doentes internados em SO pelo telefone. Morre-se. Naturalmente. Sem sarcasmo. Mas sem esse cuidar dessa última hora existencial nesse hospital de Faro. Não ponho em causa as competências dos seus profissionais, a assistência médica, mas o descuidar, por indiferença ou por impotência, do espaço em que estão os mais graves dos doentes algarvios. Acuso a administração do hospital, as suas chefias, e o Ministério, por manterem aquela urgência como está. Nada pode justificar aquele caos. É assim em Abril, imagino, com horror, o que acontecerá no Verão.
Depreendo que um dia abrirão ali um clone do Hospital da Luz. Façam os privados o que quiserem com o seu dinheiro. Mas não à custa do dinheiro público e da apropriação dos deveres de um Estado que recebe impostos para gerir os assuntos públicos. Por isso não façam as administrações públicas o que quiserem com o dinheiro público. Porque não pode ser por falta de dinheiro (constrói-se rapidamente e bem em Portugal quando se quer), e a prová-lo está o estádio de Faro ali bem perto e completamente inutilizado.
No dia em que o orçamento for cumprido à custa radical dos cortes na educação e na saúde, o Estado passa apenas a ser um sugador de impostos. Um estado medieval, um estado que espolia. Um estado que ninguém respeita porque não respeita ninguém. O fim do estado.
sexta-feira, abril 27, 2007
25 de Abril
Que Estado se quer a partir dos lugares, e dos privilégios, desse outro Estado que se quer abandonar? Como ignorar este acto de reparação de um navio quando ele está em alto-mar? E quem tem as coordenadas para o cais de reparação?
Quem é o dono da festa? Que rituais de celebração está "ele" disposto a partilhar?
quinta-feira, abril 26, 2007
O dia vinte e cinco de Abril de ontem, vai ter que ficar para amanhã
terça-feira, abril 24, 2007
a excelência na cidade
Abstracções e exemplos concretos, o exemplo concreto e a abstracção. Não há porque escapar.
Disse aos meus alunos utilizando outras palavras mas significando elas que eu entendia que o professor Librescu procurou atingir verdadeiramente a arete que a antiguidade grega terá posto como objectivo de toda a educação. Atingiu pois a virtude por uma acção baseada no saber humano. Respondeu-me a Lígia: “Também… já viu que idade ele tinha? Não lhe custou assim tanto.” Eu ri-me. Não consegui impedir-me. Depois disse-lhe brincando seriamente: “Diz a Dona Lígia do alto dos seus vinte anos arrogantes, não é?”
Ficámos todos mais uns minutos a discutir os critérios que podem definir um acto de heroísmo, e chegámos à conclusão de que não é por se ter mais idade que se é mais corajoso, mas que a idade poderá trazer mais sabedoria, a qual, se aliada à coragem, pode transformar-se em manifestação de um acto heróico. Isso antes de encerrarmos o assunto e avançarmos com algumas teses sobre as ligações de interesse entre a política, o capital e a ciência.
Não lhes falei do castigo que os gregos diziam ser fatal cair sobre todo aquele que agisse ou proferisse palavras carregadas de Hubris, porque isso ainda vinha mais a despropósito.
“O Estado do séc. V é assim o ponto de partida histórico necessário do grande movimento educativo que imprime o carácter a este século e ao seguinte, e no qual tem origem a ideia ocidental de cultura. Como os Gregos a viram, é integralmente político-pedagógica. Foi das necessidades mais profundas da vida do Estado que nasceu da educação, a qual reconheceu no saber a nova e poderosa força espiritual daquele tempo para a formação de homens, e a pôs ao serviço desta tarefa.”
segunda-feira, abril 23, 2007
Um homem sem voto
Deve ser por me sentir perante essa dor como perante uma nudez absoluta desse outro, a qual reclama, em contrapartida, a minha absoluta nudez. Nudez de que me falava um livro de que desgostei imensamente mas que não esqueci, um livro de William Reich. Li-o há umas duas décadas atrás, para uma aula de psicologia no liceu. Chamava-se o livro Escuta, Zé Ninguém!
Já nem me lembro porque não gostei então do Escuta, Zé ninguém! Deve ter sido um tom, uma estridência, terá sido pois pela forma que se terá afectado a minha consciência estética, ou lá o que quer que tivesse sido, porque o conteúdo, é inegável, impressionou-me até ao ponto de eu hoje reclamar a sua presença para explicar a minha ausência nestes últimos dias.
“Mas eu entendo-te. Vezes sem conta te vi nu, psíquica e fisicamente nu, sem máscara, sem opção, sem voto, sem aquilo que faz de ti “membro do povo”. Nu como um recém-nascido ou um general em cuecas.” p. 22
Mas quando vemos os outros sem máscara, sem opção, nos limites dos limites das suas forças e da suas existências, que máscara não estaremos nós a depor também? Quando nem a razão ou a intuição nos ditar o que fazer perante o inadiável dos inadiáveis com longo caminho pelo sofrimento, o que podemos fazer-lhes?
domingo, abril 22, 2007
Esperança/Desprendimento
quarta-feira, abril 18, 2007
Discussão política fora da paróquia: ou como se faz análise em campanha e em França
Por Jean-Etienne de Linarès, Jean-Marie Fardeau e Sharon Courtoux
LIBERATION.FR : 9 de abril de 2007.
A procura de sentido dos vivos e o sentido das opiniões fáceis sobre tudo e mais alguma coisa
terça-feira, abril 17, 2007
três notícias três
A educação de um revolucionário: Lenine 4
“(…) a tentativa de conquistar o poder tal como foi preparada pela exortação de Tkachëv e realizada por meios de um terror “terrífico”, verdadeiramente terrífico, foi magnifica.”
N. Lenine, O que fazer?, 1901. (p 191).
Não parece haver algo de comum entre este pensamento do fim do século XIX e algumas teorias/acções do terrorismo islâmico?
Mas será a via do terrorismo tal como inicialmente o propuseram os socialistas-agrários russos, a via de acesso ao terrorismo dos extremistas hoje? Para Lenine era essa a tradição reconhecida como o meio mais efectivo de criar um estado revolucionário marxista. E para os líderes radicais religiosos? Não pode ser esta a porta de entrada para a fundamentação da sua acção. Demasiado conotada com um pensamento ateu, como era o marxista, para servir de exemplo. Qual será então o fundamento teórico?
Bom, Lenine depois de ler muito sobre ordens políticas passíveis de transformarem a sociedade através de uma revolução, de ler muitos livros de economia, muitos de direito e bastantes de filosofia, preocupou-se com o que havia finalmente a fazer. E publica um texto cujo título retirou de um romance de Tchernichevski, no qual avança com os postulados que deveriam conduzir à criação de um partido político marxista.
“E assim foi Que fazer? Que colocou Vladimir Ulianov perante atenção dos marxistas do Império Russo. Assinara o opúsculo como N. Lenine e foi como Lenine que quase toda a gente passou a conhecê-lo desde então.” p. 189
Solidão - apontamentos
Odete Santos saiu do parlamento ao fim de 26 anos como deputada do Partido Comunista. É normal. Talvez não o seja simbolicamente. Mas isso… O que mais me tocou foi vê-la, pouco tempo antes de fazer o seu discurso na Assembleia, a percorrer o parlamento acompanhada por uma equipa de reportagem da Sic Notícias. Tão absolutamente só. Não sei o que esperava. Na realidade, as pessoas que com ela se cruzavam eram simpáticas quanto baste, mas com aquele ar de simpatia que as pessoas dão ao demonstrarem estar muito ocupadas em pensar ou fazer outras coisas mais importantes. Todos sabemos como é. Uma simpatia do tipo: Eu estou aqui mas devia estar ali, e na realidade a minha cabeça até já lá está. “Olá, olá. Adeus, adeus.” Um beijinho, uma palmadinha nas costas, um relance para a câmara, um sorriso amarelo e toca a andar. Vinte e seis de anos de vida parlamentar intensa.
Levou consigo as palavras de uma cartilha que não reconheço como razoável enquanto proposta de uma ordem política. Mas também levou uma vida sem contemplações dissimuladas e avarentas em nome do seu interesse económico próprio. Não a vemos sair para um grande escritório de advogados, ou para administradora de uma empresa privada ou particular. Saiu sozinha. Para a poesia, talvez para o teatro, confessou em entrevista a Maria Flor Pedroso na Antena 1.
“Mas é difícil viver nestas cidades portuguesas” – disse-nos António Barreto. Sobretudo se as tivermos a comparar com as sociedades mais imaginadas que reais que visitamos quando em trabalho ou em férias. Mas há uma verdade insofismável naquele tom cansado do sociólogo quando falava do urbanismo português nas últimas décadas. A de cidades em eterna construção e que no entanto têm sempre prédios decrépitos, feios, em bairros e ruas mal organizadas, de construção barata que iremos todos pagar bem caro, como nos avisou o arquitecto convidado neste terceiro programa, na hora em que chegarem as obras de recuperação dos edifícios, e também quando chegarem os programas de recuperação de algumas das vidas de adultos que cresceram em bairros sem espírito, beleza ou utilidade.
segunda-feira, abril 16, 2007
A educação de um revolucionário: Lenine 3
Também não é fácil. Há que decidir: Publique-se, mesmo que sejam palavras de ódio e de incentivo ao extermínio, que sofrerão da reprovação ou aceitação do soberano público, ou, não, não se publique a não ser o que sirva para educar um povo para a excelência da cidadania. Mas o que é isto? E quem o pode avaliar?
Gosto de livrarias que têm lado a lado autores que se opõem.
A polícia secreta do Czar Alexandre III, a Okhrana, vigiava os estudiosos marxistas. Deixava-os estabelecer os seus grupos de discussão de ideias sem interferir. Eram intelectuais que o Ministério do Interior não temia verdadeiramente. É verdade que não tinham facilidades de publicação em meios de grande circulação, mas podiam editar e fazer circular os seus textos. Tudo mais ou menos conforme, até ao dia em que se iniciaram as movimentações para realizar essas ideias discutidas durante meses, horas seguidas, analisadas e admiradas até à minúcia. Lenine era um intelectual de primeira água. Um estudioso rigoroso e profundo da teoria marxista. Preparou-se para agir. E pôs-se em movimento levando às costas as teorias de Plekhanov, Marx e Engels, Tkachëv e Nechaev. Fundamentou-se com uma teoria muito forte para fazer avançar uma ditadura. pp. 113-176. Ditadura que estava para breve.
Pensar nas pessoas de Darfur, no Sudão.
Support Divestment!
Ask your Senators to protect the rights of states to divest from companies that support the genocide in Darfur.
Click here to send your message now.
Have you heard of divestment? It's one of the key tactics that was successfully used to end apartheid in South Africa.
It refers to the act of withdrawing investments from companies that support the genocide in Darfur by doing business with the government of Sudan and offers a powerful way to put economic pressure on the Sudanese government to cooperate with international efforts to end the genocide.
The good news is that divestment is already taking place in the United States. Eight courageous states (California, Connecticut, Illinois, Iowa, Maine, New Jersey, Oregon, Vermont) have enacted divestment resolutions that will withdraw the states' pension funds from any companies doing business with Sudan.
The bad news is that the National Foreign Trade Council (NFTC) is trying to stop them! The NFTC recently successfully challenged Illinois's state divestment law in court, arguing that the state of Illinois was violating the Constitution by trying to conduct its own foreign policy in opposition to federal foreign policy.
Please help secure the rights of states to fight the genocide in Darfur by urging your Senators to support a new bill that would stop the NFTC's attacks. Click here to send a message to your Senators now.
This new bill, the Sudan Divestment Authorization Act, would make clear that state divestment is perfectly in line with U.S. foreign policy, thereby rendering the NFTC's argument moot, and protecting Illinois and other states from similar lawsuits. No state should be obligated to invest its citizens' retirement funds in genocide.
Please help make sure that your state has the right to fight the genocide in Darfur. Click here now to contact your Senators to urge them to support this new bill.
Once you've sent your message, please help us spread the word by forwarding this message to your friends, family and co-workers and ask them to join you.
Thank you again for your dedication to ending the violence in Darfur.
Best regards,
David Rubenstein
domingo, abril 15, 2007
Bagdade, Lisboa, Moscovo
sábado, abril 14, 2007
as imagens e a democracia por David Levi Strauss
sexta-feira, abril 13, 2007
Comunicação política
Dizem os autores: "UnSpun is about how to recognize and avoid deception, not just in politics but in commercial advertising and life in general. In it, we tell you how to debunk the malarkey for yourself, and get down to facts. We think everybody should be a FactChecker.
-- Brooks Jackson & Kathleen Hall Jamieson" in FactChek.org
Não li o livro ainda, daí que não possa comentar a ambição, desmedida?, dos autores. Mas lá que me parece um tema fundamental na formação da identidade de cada um e de um povo democrático, parece-me.
"Iraque: porque falharam os media"?
Topics: Iraq media propaganda
Source: Salon.com, April 10, 2007
Pode ler-se em: Center for Media and Democracy
quinta-feira, abril 12, 2007
A seguir
uma entrevista
Se relativamente ao seu percurso académico as suas respostas me satisfizeram, já quanto à explicação da sua atitude para com os jornalistas (Telefonou? Não telefonou? Telefonou em que tom e porquê) não me convenceu nada. Tendo sobretudo em linha de conta os projectos governamentais nesta matéria e os argumentos aduzidos. Mas do facto de ele não me ter convencido da razoabilidade das suas acções não vem propriamente muito mal ao meu mundo, desde que haja jornalistas que não se deixem afectar por vozes de comando, nem leis que lhes cerceiem a liberdade.
quarta-feira, abril 11, 2007
Que pensamentos e que livros nos levam a que tipo de acções?
- "Porque a dita esquerda democrática" - respondeu-me - " só aparecia quando havia eleições. Depois desse período, já na clandestinidade, só os membros com mais coragem física, mais empenhamento ideológico, é que ousavam enfrentar a polícia e a autoridade reinante. E esses membros mais corajosos da sociedade que se oponha ao regime e proponham uma mudança pela revolução, ou eram comunistas ou pertenciam a grupos de extrema-esquerda. Grupos marxistas-leninistas ou anti-marxistas."
"Qual era era a fonte doutrinária? - Perguntei.
Reproduzo de memória a resposta: "Os intelectuais franceses para os socialistas e também, sobretudo, para os de extrema-esquerda. Da União Soviética para os comunistas, mediados pelo pensamento francês. Era de lá que nos chegava a literatura, os modelos de acção, as propostas ideológicas. Nota que toda a imprensa de divulgação ideológica em Portugal como o "Jornal do Fundão", "Seara Nova", "Vértice", "Comércio do Funchal" e o "Tempo e o Modo" é uma imprensa feita à imagem e semelhança do "Tel Quel"."
A educação de um revolucionário: Lenine 2
terça-feira, abril 10, 2007
A educação das crianças
But watch how this research is used by the "send-mothers-home brigade" and the Tories who want to cut back costs on under-fives. It is a reminder of how precarious still is women's progress, always obliged to defend small gains, from abortion laws to the right to work: it's painfully easy to terrify mothers about their children. Meanwhile the CBI resists longer maternity leave, the right to flexible working hours for all parents or raising the minimum wage, which mostly helps women. The 17% gap in women's pay keeps mothers poor, their traditional but vital caring jobs valued less than men's work just because traditionally low-paid women do it. And how has it come about that unbearably destructive pressures on girls to be beautiful are worse, not better, than 20 years ago?
Leading Seaman Turney is no doubt typical of the 10% of women who make up the armed forces, and she probably thought old battles about gender discrimination long won. But she will get a shocking reminder to the contrary when she reads what has been said about her. It will be a reminder that the women's revolution is still less than half-won."
Os educadores e a sua tutela
segunda-feira, abril 09, 2007
A educação dos governantes
A educação de um teórico e revolucionário: Lenine 1
O que mais relevo nesta biografia é a preocupação do autor pela educação de Lenine, sobretudo com os livros que Lenine leu e que possam de certa forma explicar as opções ideológicas e as atitudes do revolucionário que procurou criar e justificar a existência de um estado de um só partido.
“Todavia, é notável que o livro mais apreciado por Vladimir {Lenine] descrevesse não a Rússia mas os EUA. Isso ia de encontro ao desejo dos seus pais de se manterem, e aos seus filhos, afastados de discussões perigosas sobre a vida pública russa. Se assim era, eram um pouco ingénuos. A Cabana do Pai Tomás continha ideias de significado universal; o seu estilo sentimental comunica ideias de dignidade humana universal. Quando tentamos pesquisar as origens da visão política de Vladimir, deparamos frequentemente com as suas leituras no final da adolescência e no início da idade adulta. Concentramo-nos em Tchernichevski, Marx, Plekhanov e Kautsky. Mas devemos lembrar-nos que, antes desses autores russos e alemães marcarem a sua consciência, uma mulher americana – Harriet Beecher Stowe – tinha já influenciado a sua jovem mente.” p. 74
Ao longo da biografia iremos ver que Service tem a preocupação de contextualizar as decisões de Lenine no quadro de influências teóricas das leituras que escolheu, ou para si foram escolhidas, e formaram as suas ideias. Esta é a pergunta que devia ser feita a qualquer estadista ou a qualquer aspirante ao cargo: Quais foram os livros que leu? Os que verdadeiramente leu, e não aqueles que os seus assessores de imagem gostaria de dizer que você leu?
sábado, abril 07, 2007
quinta-feira, abril 05, 2007
A arte de fazer a paz
"A diplomacia funcionou. Inaceitável! Inconcebível! Inadmissível!
(...) E, acima de tudo, os belicistas de um lado têm os belicistas do outro, que tudo farão para que desilusões destas não se voltem a repetir.
Para os restantes, contudo, foi um bom dia neste planeta. (...)"
Rui Tavares, "Inconcebível! Inaceitável" no Público
Iraque
"Estávamos em 2003, o país inteiro era a favor da guerra, os media eram a favor da guerra. Lembro-me de chegar a Bagdad e haver, finalmente,combates a sério. Eles [os americanos] mataram civis e havia muita gente morta, fotografei tudo isso. Três dias depois, a estátua [de Saddam] veio abaixo. Eu mandei umas 70 fotografias para a Times, o que é bastante, os editores disseram-me: "não vamos usar as tuas fotografias esta semana". Queriam fotografias de crianças com flores à volta dos soldados. "Tens alguma coisa assim?" E eu respondi: "Nem sequer vi nada assim!"
Christopher Morris, fotojornlista de Guerra em entrevista ao Público.
quarta-feira, abril 04, 2007
ríctus de poder 3
Por Richard Conniff, autor do The Natural History of the Rich. New Iork Times
Pois, a experiência também já nos tinha feito perceber este impulso, mas... é necessariamente assim? Indubitavelmente? Triste imagem. Será sempre verdadeira?
economia a crescer e democracia anestesiada
Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiências
terça-feira, abril 03, 2007
localização de países europeus - jogo
Artº 2 nº 4 da Carta ou o tempo das decisões sábias para a Inglaterra. E difíceis para o mundo.
In the eyes of many Americans, such words represent characteristic European pusillanimity, indeed appeasement. But some of us suggested when the 2003 Iraq invasion was launched that it could result in a drastic diminution of the West’s ability to address graver threats from Iran and North Korea. So it has proved.
We must keep talking to the Iranians, offering carrots even when these are contemptuously tossed into the gutter, because there is no credible alternative. Even threats of economic sanctions must be considered cautiously. Their most likely consequence would be to feed Iranian paranoia, to strengthen the hand of Tehran’s extremists. A state of declared Western encirclement could suit President Ahmadinejad very well indeed.
No sensible Westerner, committed to the pursuit of international harmony, could welcome any of this. Iran represents a menace to the security of us all, not to mention what it must be like to live under that reprehensible regime. But, in the wake of the Iraq catastrophe, never has the overwhelming military power of the United States seemed less relevant to confronting a large, relatively rich nation that enjoys considerable grassroots support in the Islamic world for its defiance of the West.
Max Hastings, "Iran, The vicious victim" no "The New Iork Times".
sensibilidade democrática 3
segunda-feira, abril 02, 2007
sensibilidade democrática 2
Para além do comportamento individual que se manifesta no discurso público, onde nasce a autoridade daquilo que é dito ou feito? 1. Na legitimidade conferida pelo reconhecimento dos pares? 2. No elevado(?)número dos que lêem, ouvem, divulgam ou citam o crítico? 3. Em pressupostos éticos abstractos? Em modelos de educação e de comportamento reconhecidos tradicionalmente como garantias de equilíbrio e de boa formação para o serviço público (em que escolas, com que programas)?
cinismo/realismo
domingo, abril 01, 2007
sensibilidade democrática
Tomarei por base o artigo escrito de Vasco Pulido valente no "Público" de hoje e a intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa na RTP1, também de hoje.
Quando não pelo riso e pelo evidenciar do caricato do tema ou da acção, técnicas utilizadas pelos humoristas, o que fica à disposição dos críticos das acções dos políticos são as figuras da ironia, do sarcasmo, da repreensão ou do elogio presentes numa exortação, do apontar algo ou alguém como exemplo, de alvitrar ou recusar um modelo de acção, de sugerir alternativas, de estimar propostas ou pessoas defendendo-as num quadro que se pretende defensável argumentativamente.
Vasco Pulido Valente utilizou o sarcasmo para falar na dita sensibilidade democrática dos nossos parlamentares que só acordam para as questões dos direitos públicos quando estão em causa os seus direitos privados, servindo, para o caso, o exemplo da proibição de fumar no parlamento que terá feito despertar os nossos representantes para a defesa da sua (que devia ser nossa) liberdade de usufruir de um direito que era o do Estado não interferir com legislações draconianas sobre assuntos que a ele não lhe devem dizer respeito.
Sarcasmo e ironia são, aliás, as figuras que estruturam na generalidade as críticas de Pulido Valente. É uma forma pedagógica que tem valor não só por si, o evidenciar do ridículo ao superlativar um pormenor ou ao enfatizar um comportamento que passaria inobservado como coisa inócua, mas também pela autoridade de quem o usa, que lhe dá um uma garantia de auditório que outro qualquer, utilizando essa figura de estilo por utilizar, não teria. O sarcasmo é geralmente percepcionado como um insulto, e é talvez das figuras que mais gera confusão pela incompreensão do próprio sentido. É a atitude de quem utiliza o seu discurso para aproximando-se do semelhante dele se diferenciar, radicalmente.
Marcelo Rebelo de Sousa, o professor, usa o discurso crítico como forma de evidenciar pessoas, ideias ou acções que avalia e apresenta como exemplos a seguir ou como modelos a evitar. É o pedagogo que julga e destaca, que utiliza a sua autoridade para avaliar. Exactamente como Pulido Valente, também Marcelo Rebelo de Sousa é escutado não pelo uso que faz do discurso nas figuras que escolhe utilizar, mas pelo que acrescenta à realidade nas descrições que faz dela. O que fez ele hoje quando se falou sobre o Presidente do Tribunal de Contas, e numa semana em que esta instituição foi responsável por um conjunto polémico de informação sobre o estado das contas públicas dos nossos digníssimos governantes? Reconheceu-lhe o mérito e a competência isenta, atitudes que ainda há pouco tempo eram postas em dúvida pelo coro da oposição. O que quer isto dizer? Que este é o critério através do qual as pessoas públicas se devem reger, caso contrário cá estará ele atento para arguir.
Fica por responder o seguinte: 1.Como é que estas pessoas ganham autoridade? Onde se fundamenta? No seu saber, na sua personalidade, na sua intuição e capacidade de predizer, em todas juntas? 2.Serão estas as formas comuns glosadas por todos os outros intérpretes da realidade portuguesa nos seus diferentes níveis e graus ou haverá outro espaço/forma de propor formas de vida? 3. Onde estão os pensadores portugueses com textos fundamentais sobre a democracia, sobre o estado de direito, sobre as atitudes cívicas, sobre os direitos fundamentais? 4. Quem legitima o que se diz em Portugal e a a partir do quê? 5. Quem diz, e porquê, o que é ou não possível fazer? 5. Quem define o que é sensibilidade democrática universal?
Tenho que continuar nisto amanhã...