Eu estou na cidade que instituiu a guilhotina como instituição universal de punição. Sob o seu gume pereceram todo um conjunto de indivíduos, de monarcas a vilões. Ninguém estava acima da lei da guilhotina. A cidade escolheu ser conhecida como a cidade da luz.
sábado, dezembro 30, 2006
direitos humanos e uma teoria do poder
Eu estou na cidade que instituiu a guilhotina como instituição universal de punição. Sob o seu gume pereceram todo um conjunto de indivíduos, de monarcas a vilões. Ninguém estava acima da lei da guilhotina. A cidade escolheu ser conhecida como a cidade da luz.
quarta-feira, dezembro 27, 2006
um presente de Natal
Da parte de quem melhor compreende a ansiedade do conhecimento do que a serenidade de aceitar as coisas como elas se apresentam ser.
sábado, dezembro 23, 2006
Reencarnação/Ressuscitação 2
Quando Cristo afirmou que um dia todos ressuscitaríamos, sabia, com certeza, que esse todos implicava mesmo todos, e os todos com o seu tudo que define cada um. E ele há cada um… Mas quem consegue estar assim tão apaixonado pelo um de cada um? Quem consegue aceitar a humanidade personificada de forma tão radical? Se na vida tudo se opera pela mudança, quem prefere que nada mude numa pessoa por toda a eternidade? Só pode ser os que estão apaixonados, os que amam profundamente alguém, os que temem mais do que perder a sua própria vida perder a vida dos amados, os que mais do que darem a sua própria vida, querem a vida eterna dos que amam. Uma e outra vez, e para sempre, tal e qual como eles só, e sem que um só cabelo mude sequer.
Platão, pela personagem de Sócrates, ensina-nos no Fédon que imortal só a alma, e que essa incarna numa forma, humana ou não, tantas quantas forem as vezes necessárias para adquirir um elevado grau de virtude e de inteligência. É uma concepção mais cáustica no que à natureza da pessoa diz respeito. Platão, como Sócrates, o pedagogo, quer o que cada mestre quer, a saber, mudar, moldar, aperfeiçoar a natureza do seu discípulo. Mesmo se amado, um discípulo é um aprendiz, um ser imperfeito, inacabado, que urge alterar para corresponder a uma forma exemplar, precisa de ser realizado tendo por modelo um projecto entendido como lhe sendo superior e que ele procurará, se aceitar a autoridade daquele que sabe, ou da ideia que guia o plano do mestre, executar. A reencarnação é pois exemplo de uma teoria que vê na pessoa de cada um a existência de uma parte imortal, a alma, a quem é dada uma outra parte, que é o corpo, que a aprisiona à materialidade, mas que também lhe permite manifestação, numa luta pela emancipação das partes. É um processo que assume que não só quer mudar algo na pessoa, como exige essa mudança.
sexta-feira, dezembro 22, 2006
Reencarnação/Ressuscitação 1
Nick Cave - 01 - "Into My Arms" (LIVE)
música do disco "The boatman`s call" de 1997.
Escolhi a cadeira vermelha.
Sublinho, porque vou precisar desta frase, a ideia de Nick Cave: "Not to touch a hair on your head/To leave you as you are"
quinta-feira, dezembro 21, 2006
quarta-feira, dezembro 20, 2006
utopia 2
Ao tomar-se consciência dessa intercessão entre o pensamento histórico e o pensamento utópico, estaremos salvaguardados das tentações messiânicas em política? Se Habermas reconhece que sem energias utópicas a consciência da história embrutece pela banalidade, quando não se imola no estado de permanente perplexidade perante o real a que não sabe dar sentido, saberá também o autor onde se encontra o ponto de equilíbrio entre o que são as possibilidades de um tempo futuro e a estrutura do nosso tempo?
Eu julgo que sim, que ele sabe. Mas afirmá-lo é-me fácil de mais. Demasiado interessada na defesa das suas teses, portanto. Daqui a uns tempos terei que aqui voltar.
Mais novecentas escolas primárias vão fechar. Os pragmáticos perguntam-me: Mas achas racional elas continuarem a funcionar com tão pouco alunos? Eu respondo-lhes que não, realmente, se queremos um país entendido como plataforma de turismo, até podemos vir cá só no fim do mês para vir buscar as rendas das casas que alugámos a turistas sazonais, e ir viver para outro lugar qualquer. Geralmente estes pragmáticos de aldeias só conhecem as do pai Natal.
terça-feira, dezembro 19, 2006
islamo-fascismo/islamo-bolchevismo
Entrevista a Niall Ferguson, in Revista Tabu do semanário Sol, 16-12-06, p. 72.
O fim dos exames de Filosofia
"Muitos colegas meus testemunharam que a suspensão mudou as práticas nas escolas. As provas tinham contribuído para alguma homogeneidade no ensino da disciplina, mas tudo isso foi posto em causa." (...) Ricardo Santos entende o objectivo do ministério de separar a formação do secundário do acesso ao superior. O problema, são as implicações: "Com exame, se o professor falta muito ou se atrasa na matéria, os alunos reclamam. "Sem prova, só são avaliados em função do que aprendem. E quando menos melhor." in "Diário de Notícias"
Pedro Sousa Tavares
Data: 15-12-06
Pág.: 20 a 21
segunda-feira, dezembro 18, 2006
como um discípulo. e para sempre assim me conservei na vida.
domingo, dezembro 17, 2006
Utopia
Folclore Chavista à parte, porque eu não sei se os valores do discurso político da América Latina não reflectirão exactamente um tipo de simbolismo mágico-religioso da sociedade em questão e que no ocidente seria considerado anacrónico (para dizer o mínimo), sem querer com isto revelar uma atitude condescendente para com o fenómeno, e sendo certo que a mim jamais me convenceriam a votar num indivíduo que utiliza o tipo de discurso maniqueísta de Chávez, o que não me impede de respeitar quem o faz, não deixo de me interessar profundamente por políticas que visam suprimir a miséria no mundo. Mas chegada a este ponto começo a divergir em tudo o mais. A utopia, tema que me é caro, é um nível intelectual de exigência para a acção e para o pensamento, e não um modelo passível de ser transmutado em realidade. A utopia, nos autores que Cifuentes cita, como a utopia de Platão, de More e de Campanella (e que diferenças há entre estas propostas a utopias) são ideias que servem para gerar outras ideias com o intuito de regular modelos de acção. Procurar que ao invés de gerar ideias a utopia se apresente sim como capaz de gerir ideias e acções é algo que qualquer aprendiz de utopia sabe que dá desordem social na certa. E desordem social destrutiva, não criadora. E porquê? Porque querer realizar uma utopia é como querer realizar uma visão que se tem para o universal sem se preocupar com a reacção do individual. Como se a existência dos indivíduos se diluísse na existência da ideia de indivíduos. E para quem conseguir fazer coincidir a sua acção com a acção proposta, isto é, para quem fizer coincidir a sua vida com a ideia que se tem do que deve ser a sua vida, deve haver alguma exaltação, como se do encontro da pessoa com o seu destino se tratasse, não sei, deve ser exaltante, momento único da história do indivíduo a coincidir com o da história, mas o que acontece a quem não se reconhece nesse modelo e pretende inverter o movimento que impele o grupo, mesmo que em maioria? É eliminado? Em democracia querer realizar utopias é o prenúncio de uma vontade não democrática de governar. Porque a utopia sobrepõe-se à possibilidade de ser discutida. Recusada até, por quem o entender. Ela é profundamente anti-democrática na sua versão operatória, ainda que em democracia ela possa servir como catalizadora de apresentação de projectos sociais e políticos, que, claro, terão que ser postos à discussão de forma ininterrupta. Como eu julgo.
Em democracia a noção de “suma felicidade para o povo” tem que ser escrutinada. Não é possível governar com este propósito ético. Porque a felicidade para o povo é o quê? Alcança-se de que forma? E a sua felicidade é diferente da felicidade para a pessoa?
sexta-feira, dezembro 15, 2006
Revolução – autoridade e poder 6
“(…) os homens das revoluções do século XVIII professavam em comum: a convicção de que a fonte e origem do poder político legítimo reside no povo.. Na verdade, esta concordância era meramente aparente. O Povo em França, le peuple no sentido da Revolução, não estava nem organizado nem constituído; quaisquer que fossem os “organismos constituídos” existentes no Velho mundo, dietas e parlamentos, ordens e classes, eles assentavam no privilégio, no nascimento e na situação. (…) Para o século XVIII, tal como, antes dele, para o XVII e, depois dele, para o XIX, a função das leis não era propriamente a de garantir liberdades, mas a de proteger o direito de propriedade; era a propriedade, e não o direito como tal, o que garantia a liberdade. Só com o século XX o povo ficara exposto, directamente e sem qualquer protecção pessoal, às pressões quer do estado, quer da sociedade; e foi apenas quando o povo se tornou livre, sem possuir propriedades que lhe protegessem as liberdades, que as leis foram necessárias, a fim de protegerem directamente as pessoas e a liberdade pessoal, em lugar de se protegerem apenas os seus direitos de propriedade.”
“O grande problema em política, problema que eu comparo ao de realizar a quadratura do círculo em geometria (…) [é saber] como encontrar uma forma de governo que coloque a lei acima do homem.” Rosseau
“E os homens da Revolução Americana não se viram menos confrontados com este problema, que apareceu sob a forma de necessidade urgente de um absoluto, do que os seus colegas em França.” Arendt, pp. 222-227.
E os políticos e os filósofos contemporâneos também não se vêm menos confrontados com este problema. Que o digam Apel, Habermas ou Rawls.
quinta-feira, dezembro 14, 2006
luz
Nas famílias isso dá episódios caricatos. Há quem defenda os seus contra tudo e contra todos não importa as acções ou as circunstâncias, e se assanhe com algo que um estranho ou um familiar menos aceite possa realizar. Sendo que esse espírito de clã, tão sublinhado nos filmes americanos de 1 mas também nos de 5 estrelas, revela de princípio de unidade e de protecção do indivíduo pelo grupo mas também de falsidade. Mas se não fosse a história de família, que se confunde na nossa mente com os dias solarengos da infância, e esta falsidade cortesã, o que seria dela na maior parte do tempo?
Em relação aos países ocorre fenómenos semelhantes. Há quem os atraiçoe de forma imponderada debitando misérias pátrias em terras de outros, ou generalizando erros em terras próprias, e há quem esconda, por detrás de uma adesão emocional sem reservas, qualquer crítica ao seu torrão. E no entanto, há ainda os proscritos de um lado e do outro, os que dizem que preferir é conhecer. E conhecer é conhecer a coisa amada, mas também em perspectiva com todos os outros, e os outros perspectivados pelo amor à coisa. Não é melhor, nem tem que ser pior. É mais desconfortável e mais dura esta lucidez. E será ela verdadeira ou simplesmente malcriada, ou, então, apenas isso, lucidez?
É muito difícil quando não se tem um livrinho com regras aceite universalmente, e ter que pensar autonomamente. Como todos os filósofos o souberam e Kant tão bem explicou.
terça-feira, dezembro 12, 2006
Primos?
_ Say what isn`t true? - Billy Rice
- Never, never, never mind. - Taylor Mead
Coffe and Cigarettes
"champagne"
segunda-feira, dezembro 11, 2006
Missing
Directed by
Costa-Gavras
Produced by
Edward LewisMildred Lewis
Written by
Donald StewartCosta-GavrasThomas Hauser (book)
Starring
Jack LemmonSissy SpacekMelanie MayronJohn SheaJanice Rule
Release date(s)
February 12, 1982
Running time
122 min
Language
English/Spanish
domingo, dezembro 10, 2006
Pinochet. Com que paz vão os vivos ficar?
Ponho-me a imaginar aqueles pais que têm ainda os seus filhos dados como desaparecidos no Chile. E os filhos que foram afastados dos seus pais e que nunca mais souberam como os encontrarem. Nos amantes e nos amigos que não sabem da pessoa amada que um dia foi levada e nunca mais deu sinal de si. E penso, com horror, que ver morrer este homem deve ser como ver morrer um carcereiro que leva consigo a chave que permitia a hipótese, frágil e remota, mas ainda assim uma hipótese de entreabrir a porta do conhecimento que desse para um lugar onde se descobrisse o corpo da pessoa procurada. Agora que o ditador morreu, que conciliação interior se encontrará no não saber cada vez mais espesso que paira sobre esses lugares onde se encontra o ausente? Quem conseguirá dormir em paz?
Educação
E depois falam de autonomia, senhor!, de autonomia mas só económica, que tudo o resto é para manter de rédea curta não lhes dê para ensinarem o que não se prevê.
“Algumas palavras” por Joaquim Manuel Magalhães
“(…) O ensino secundário português começou a ser estragado por Veiga Simão. Culminou com Roberto Carneiro e os seus esquecimentos bem calculados do ensino público. (..)
A prioridade do ensino deixou de ser transmitir saberes. Hoje culmina em planificações de um pouco de vazio no máximo tempo possível. Ouvindo-se a palavra planificar, imediatamente sabemos que as chamadas pedagogias e didácticas passaram a ter o domínio sobre os conteúdos de cada disciplina e gerou-se uma complicação de saberes sem saberes, que consiste na aplicação de umas grelhas às quais se junta um cuspo de meditações bacocas nunca se percebe bem sobre o quê. Um professor de biologia tem de saber biologia? Não. Tem de saber planear umas aulas que se encaixem num programa oficial que enumera o que da biologia basta saber. Houve uma conjura que não foi só desta situação a que se chama ministra; resultou de vários anos de fermentações bem calculadas de que ela se apoderou.
(…) Não foi por acaso que ninguém se preocupou com os conteúdos dos saberes. Apenas se ouvia um zumbir ou silvar (por entre torvos cálculos) umas vagas conjuras que pouco se entendiam. (...)
Será ministério o que podemos chamar ao mero cruzamento (basta que somem as disciplinas controladas por esta espécie de repelência) de panóplias estratégicas? (…)
Da filosofia à educação visual, da língua estrangeira à química, de todos a cada um, pergunte-se: têm vontade de sempre ler e estudar o que lêem? Têm dinheiro para isso? Têm tempo vosso para poder dar um lato conseguimento aos vossos alunos? É da educação o vosso ministério?”
É muito melhor do que ter comentadores desportivos a rirem-se muito entre si, a fazerem caixinha de comadres alcoviteiras, quando, como há uns anos, afirmavam brejeiros que certo dirigente desportivo andava então remoçado. Que vi e ouvi eu, e fiquei sem palavras perante tal despropósito a meio de um comentário desportivo. Pelos vistos quem não ficou sem palavras foi a moça. Espero que continue a ganhar dinheiro e a animar a malta. O mesmo desejo a todos os outros autores, claro.
sexta-feira, dezembro 08, 2006
António Cartaxo e Dr. Alfaia
Eu adoro ouvir aqueles minutinhos em que António Cartaxo, na Antena 1, nos conta histórias sobre um compositor ou sobre uma música, quase sempre de música clássica. Um divulgador dos mais admiráveis de Portugal.
Naquele tempo íamos todas as semanas, num dia à noite, de autocarro até casa da Beatriz, ao Lumiar, para ouvirmos as escolhas musicais que o Dr. Alfaia seleccionava para nós. Depois, no seu jeito reservado dissertava um pouco sobre o que estávamos a ouvir. Não sei como se encetaram as negociações com o bando de adolescentes que éramos então, para que esse fenómeno acontecesse, nem quanto tempo durou a paciência de ambas as partes para se entenderem. Mas sei que ele era um verdadeiro conhecedor, que procurava que conhecêssemos e amássemos tanto a música quanto ele, que manuseava os seus discos com infinito cuidado e que foi nas mãos dele que vi o primeiro CD, num dia em que o rodeámos surpreendidas e olhando encantadas para aquele novo produto técnico.
No sofá da sala empoleirávamo-nos todas, no limite do conforto. A Beatriz, que nos recebia, a Elsa, a Lina, a Helena, a Cláudia e eu. Às vezes obrigávamo-nos a trocar de lugar, porque a risota não controlada por qualquer parvoíce dita baixinho pela vizinha do lado, perturbava a audição do conjunto. sentado numa poltrona à parte, o pai de Beatriz fechava os olhos e concentrava-se na música, sem reparar nas cotoveladas, nos pequenos empurrões, ou nos suspiros e nos bocejos das noites mais difíceis. Às vezes uma de nós pegava num dos muitos livros que havia lá em casa e ponha-se a ler silenciosamente, sobrepondo na sua mente as palavras do livro sobre as de uma música que corria em fundo, e depois passava o livro a todas as amigas se por acaso queriam que elas lessem algum parágrafo, partilhassem uma ideia. Lembro-me de um em particular: A Verdadeira História dos Contos de Fadas. Divertíamo-nos então a dissecar os contos que tínhamos adorado e nos quais quase todas acreditávamos ainda não há muito tempo. Nos momentos mais perturbadores o Dr. Alfaia levantava a cabeça e olhávamo-nos, sem reprovação, mas com intenção.
De entre as meninas havia aquelas que tinham conhecimentos avançados de música, para além obviamente da Beatriz, que era a verdadeira conhecedora de música clássica do grupo, a Cláudia e a Lina, por exemplo, tinham grandes noções de música, embora de registo POP. Eu? Eu era mais dança. Toda a música se dividia (divide?) entre a que se pode dançar e a que não se pode. Como para mim quase toda a música se pode dançar, eu gostava de quase toda a música. Uma desgraça, diriam a Lina e a Cláudia. Uma desgraça será.
Mas o Dr. Alfaia acabou por descobri a minha paixão pelo segundo andamento do primeiro concerto para violino e orquestra de Bach. E, sem dizer nada, ponho-o a tocar, repetidamente. A paixão que me ficou por Bach morará sempre associada à memória do Dr. Alfaia, que veio a falecer poucos anos depois. Morará também associada à minha amiga Beatriz, e às infindáveis horas de alegria que comunguei na sua casa.
quinta-feira, dezembro 07, 2006
A verdade
A verdade.
Os jornalistas americanos são fabulosos quando desarmam as nossas construções filosóficas continentais com expressões deste teor. E no entanto, ainda que não o possamos dizer sem saber bem como o fazemos e com que fundamento, o que continua a ser objecto de investigação da filosofia, a verdade realmente existe, pode ser enunciada e nós temos competência para o reconhecer quando ela acontece. Neste caso comentado por Dowd, finalmente os americanos viram-se respeitados pelos seus políticos que lhes disseram a verdade. Os políticos não criaram essa verdade, neste ponto, foram empurrados por ela e admitiram-na.
A verdade não se reduz à objectividade. Esta pode ser uma das condições, mas por si não satisfaz completamente.
“Dowd asserts that in Iraq, the Bush administration has gone from democracy promotion to conflagration avoidance. The case was made yesterday when Robert Gates was unanimously endorsed as the new defense secretary even as he showered the Senate confirmation panel with cold candor. He warned that America’s occupation of Iraq could lead to a Baghdad as hostile as Tehran and set off a regional conflagration if not skillfully resolved in the near future. Dowd concludes that while Mr. Gates’ forthrightness provided a welcome contrast from the bellicose jingoism of the last few years, only time will show if Bush will give his new defense chief the independence he needs to effect meaningful policy changes.”, in
quarta-feira, dezembro 06, 2006
Não se devem legitimar acções de guerra preventivas
5) Os membros da Organização dar-lhe-ão toda a assistência em qualquer acção que ela empreender em conformidade com a presente Carta e se absterão de dar assistência a qualquer Estado contra o qual ela agir de modo preventivo ou coercitivo;"
Revolução e pobreza 5
Arendt explica a revolução americana como o tempo em que se procurou fundar um corpo político que garantisse haver espaço para a paixão da liberdade pela liberdade (p.153), onde não houve a necessidade de confundir libertação com liberdade, em que a revolução se tornasse ela própria não um meio mas um fim em si mesma.
terça-feira, dezembro 05, 2006
Anne Applebaum, “A familiar Mystery”, no “Washington Post”
"Sem justiça" de José leite Pereira no "Jornal de Notícias"
E a segunda parte de um artigo aqui já referido:
"Ainda o 25 de Novembro e o PCP" de José Manuel Barroso no "Diário de Notícias"
segunda-feira, dezembro 04, 2006
Hannah Arendt (Interview 1964_1)
Tinha projectado terminar hoje a leitura do livro de Hannah Arendt que me tem dado o pretexto de reflectir sobre a questão da revolução, mas não o consigo fazer agora.
Ora decidi passar o video onde a autora exprime a sua ideia de que não é uma filósofa, que não pertence ao círculo dos filósofos, afirmação que é citada à saciedade por quem a conhece.Reparo que depois de dizer que a sua actividade se prende com as questões da teoria política, Arendt diz-nos que não se sente filósofa e que crê que não seria recebida no círculo dos filósofos. E porque não? Porque tal actividade era entendida como sendo de homem. Ah... E acrescenta ela: "je ne m`estime pas philosophe". E depois começa a filosofar.
domingo, dezembro 03, 2006
Discursos sobre a educação: analogia
O terror de esquerda e o terror de direita, igualmente odiosos
Hoje, com acesso mais rápido à Internet, posso indicar o endereço para a ligação, é o “Futuro Presente”, http://www.ofuturopresente.blogspot.com/.
Não posso fazer um link porque algo aconteceu à configuração da página onde escrevo os meus textos, e desapareceu-me a barra de ferramentos que me permitia, entre outras coisas, fazer "ligações".
Bom, o post que me criou séria resistência intelectual, e que depois de alguma hesitação inicial me levou a decidir escrever sobre o que não concordava de todo, intitula-se “sobre o 25 de Novembro: 1. o Thermidor francês”.
Não concordo com o último dos seguintes parágrafos: “(…)Os processos de terror de "esquerda" têm sempre uma curiosa marca que os torna mais odiosos: é justificarem-se, permanentemente, pela "virtude", pelo "bem", pelo "mundo melhor". Líderes cínicos ou pelo menos tão maquiavélicos como todos - soltam os seus cães, polícia política, "milícias", povo, camponeses - aterrorizam, prendem, massacram, sempre com um discurso "justificativo".
O "terror" das "direitas" - que também não falta - não tem este lado "ideológico-religioso"; desde os tempos da inquisição, cujos oficiais tratavam mal os corpos para salvar as almas. E os Inquisidores tinham a atenuante de acreditar que era mesmo assim... Modernamente dão-se razões de "bem público", mas não se faz em grandes apologias. Há pelo menos pudor. (…)”
Os discursos de justificação encontram-se sempre nos processos de terror, à esquerda como à direita. Não reconheço em nenhum líder de direita um grau menor quanto à aplicação do terror em nome de uma ideologia justificadora (e não me parece apenas a assumpção de uma estratégia lúcida de manutenção do poder pelo poder). Quando o terror de direita cai sobre o mundo, talvez não procure elaborar um discurso que denote uma clara tentativa de vir substituir o discurso clássico da redenção pela religião, ou pelo poder tradicional, porque na realidade está em muitos casos convencida de poder falar em nome dessa religião ou desse poder tradicional em crise ou em perigo.
Quer a direita quer a esquerda tendem a querer a tal ordem nova, uns, à esquerda, procurando um discurso que dizem querer ser um discurso novo para um homem novo, outros, à direita, com um discurso que dizem reparador daquela ordem perfeita que de algum modo terá sido posta em causa na sociedade e que necessita urgentemente de ser restituída. A nenhuns interessa o presente, e a todos o terror serve para promover a sua ideia de sociedade futura.
Justificando-se com a necessidade de recuperar valores perdidos, a direita justifica o uso do terror provocado em seu nome, tanto quanto a esquerda o faz. Só que pensa que não está a utilizar palavras novas, ou a introduzir valores novos, quando repete palavras ou valores antigos, como, por exemplo quando a direita alemã evocou, ou evoca, palavras como “Deutschland über alles, über alles in der Welt”.
Não precisa a direita de utilizar conceitos humanistas, de legitimar a sua acção pela busca de um admirável mundo bom, para justificar o seu terror, porque geralmente esse discurso do mundo bom já tinha sido proferido num tempo anterior na história que ela julga agora, apenas, vir recuperar/resgatar ao tempo que passou, evocando palavras antigas como se essas palavras significassem o mesmo que então.
Já o post “O 1º DE DEZEMBRO” me merece todo o aplauso. Não sei mesmo como é que a esquerda portuguesa, e alguma direita mais economicista, deixa por reflectir esta questão primordial da nossa nacionalidade. É como se houvesse uma qualquer vergonha da esquerda em falar em pátria, e em valores universais que gerações de portugueses ajudaram a criar e a divulgar pelo mundo como os de liberdade, independência, auto-determinação. E tem toda a razão o professor quando reflecte sobre a importância incontornável do discurso ideológico para a acção política no mundo.
sábado, dezembro 02, 2006
Trouxe para ler a biografia de D. Manuel II de Maria Cândida Proença editado pelo Círculo de Leitores. O interesse pela pessoa é, sobretudo, o interesse das circunstâncias que contextualizaram a existência do nosso último rei.
Tenho pela monarquia uma rejeição instintiva, só depois essa rejeição é conceptualizada. Nessa rejeição não se entretece nenhum laivo de consideração pelos regicídios. Nem por aquele que a minha república começou por praticar. Não é só uma rejeição pequeno-burguesa pela violência. Ou de perturbação doméstica que uma mãe de família poderá sentir em face da desordem social que desses fenómenos sempre resulta. É por defender que há no assassínio de uma pessoa, de um representante político que seja, mesmo se de um tirano, o que até nem era o caso, de todo, o sinal de uma falta inicial que nenhuma teoria ou acção do acto heróico da libertação poderá justificar. É um acto inscrito num princípio de acção que denota ambições que desconsideram o indivíduo. Prenúncio de uma vontade desmesurada de impôr pela força outro regime, de se impor. Até à tirania da sua boa vontade. E não, não me parece que essa falta seja equivalente à que decorre das mortes num campo de batalha.
Em 1640 não precisámos de matar Filipe III.
No meu imaginário há os reis com estrutura existencial, D. Afonso Henriques e D. Dinis, por motivos de imaginário, e todos os outros têm o estatuo de personagens de ficção.
O que eu muito gostaria de ter ouvido foi a discussão, pública ou íntima, que terá levado à adopção de certas palavras e acções na visita à Turquia. Partindo do pressuposto que mais do que intuição ou revelação, nelas houve dedução. Aí é que o pensamento merecia ser
examinado, e os argumentos mereciam ser seguidos.
Recordo o filme de Manoel de Oliveira sobre a disputa retórica de Padre António Vieira no Vaticano. Hoje a academia portuguesa ignora as regras de orientação da actividade da disputa pública de um tema. A defesa e a refutação de teses é uma técnica que se ensina e que se aprende. Tanto pior para todos nós se aí só se conseguir ver um uso tecnicista, manipulador, do discurso. Ficamos sem defesas para avaliar os discursos falaciosos dos que detêm o poder de nos governar.